O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, presidente estadual do PSD, anunciou nesta sexta-feira (29) que vai adiar a decisão acerca de seu futuro político. Mas o que estaria por trás dessa marcha ré de Romero? Ontem (28) a imprensa estadual trouxe detalhes do seu envolvimento como réu na ‘Calvário’, além do caso de ter sua gestão em Campina alvo da ‘Operação Famintos’, onde a Polícia Federal investiga fraudes em licitações para a distribuição da merenda escolar, que teria causado, desde 2013, contratos sucessivos que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões. Outro ponto a se avaliar é o desgaste do passado de mais de três anos de críticas trocadas entre ele e João Azevêdo, algo que pode não ser assimilado entre os seus aliados.
A indagação que fica é: será que a equipe do governador irá querer trazer para o seu palanque, na pessoa de Romero Rodrigues, dois dos maiores casos de corrupção já investigados na Paraíba que são a ‘Operação Calvário’ e a ‘Operação Famintos’? Segundo o ex-gestor, ele precisa ampliar os contatos com os seus correligionários para aferir a aceitação dessa possível opção de alinhamento com o governador do Estato. “A decisão vai estar muito vinculada ao amor e à reciprocidade com Campina Grande”, assinalou o ex-prefeito.
Romero na Calvário – A ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), no âmbito da Operação Calvário, que foi enviada anteontem (27) para apuração da Justiça Eleitoral, trouxe à tona resquícios negativos que a imagem do ex-gestor campinense pode trazer para uma eventual aliança com o grupo do governador João Azevêdo. Sobre o envolvimento de Romero na Operação Calvário, a decisão foi tomada pelo juiz Alexandre José Gonçalves Trineto, da 1ª Vara Criminal de Campina Grande. A acusação contra ele diz respeito à campanha eleitoral de 2012, quando disputava a prefeitura da Rainha da Borborema e teria recebido o que o MP chamou de “adiantamento de propinas” para manter e potencializar as operações do modelo de gestão terceirizada em órgãos municipais.
O magistrado entendeu que as acusações contra Romero feitas pelo Ministério Público atribuem a ele a prática do crime de falsidade ideológica eleitoral, o conhecido “caixa dois”, previsto no Código Eleitoral. “(…) Declino da competência para a Justiça Eleitoral, determinado a remessa dos autos à Justiça Eleitoral desta cidade de Campina Grande”, assinalou o juiz.
Romero na Famintos – A ‘Operação Famintos’, desencadeada pela PF, que descobriu a atuação de uma ORCRIM – Organização Criminosa com fraudes milionárias na Prefeitura de Campina Grande, na ex-gestão do prefeito Romero Rodrigues, onde se desviava dinheiro da merenda escolar que seria destinada às crianças e jovens das creches e escolas da rede municipal de ensino da cidade. Tal operação já teve cinco fases deflagradas pela Polícia Federal, onde já se investigou, inclusive, parentes do ex-gestor, como sua prima, a ex-diretora administrativa da Educação, Maria do Socorro Menezes de Melo e sua ex-cunhada, Iolanda Barbosa, que era a secretária de Educação e foi presa pela PF numa das fases da operação.
Troca de farpas – Em 22/12/2020, o então prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, entrava na Justiça contra as novas restrições impostas pelo decreto estadual 40.930/2020, do governador João Azevêdo. “No âmbito de Campina Grande, consideramos o decreto totalmente injustificável e desproporcional, por conta dos números e resultados que o Município apresenta neste momento em relação à Covid-19”, destacou.
Em contraponto no outro dia, o governador da Paraíba, João Azevêdo, lamentava a atitude de Romero. “É uma pena porque Campina Grande tem mais casos hoje do que teve em novembro. A cidade tem mais óbitos do que teve no mês passado e o prefeito toma uma medida como esta. Eu acho que realmente ele está equivocado, não está considerando que o município atende e é polo para setenta municípios e o número de leitos é suficiente apenas para a cidade, quando recebe recursos do Ministério da Saúde para atender a esses municípios dentro do plano de contingência”, disse.
Outro ponto que mostra que está havendo dificuldade nesta aliança é que em 21 de agosto desse ano João Azevêdo revelava que iria definir a composição da sua chapa, tão somente após a votação da reforma eleitoral, algo que já ocorreu com o fim das coligações.