Em artigo, a senadora Nilda Gondim faz um passeio pela história dos Correios e Telégrafos, defendendo sua importância para o patrimônio brasileiro. A parlamentar reitera seu posicionamento contra a privatização da estatal que há 358 anos encurta distâncias e gera milhares de empregos em todo o país. Conforme a senadora, a desestatização dos Correios, como também da Eletrobrás “representa a mais agressiva dilapidação dos nossos ativos mais valorosos”.
Leia o artigo na íntegra abaixo:
Uma carta dos Correios aos brasileiros
Os Correios e Telégrafos completaram, em 25 de janeiro, 358 anos – é, de longe, a empresa mais antiga do país.
E participou ativamente da história do Brasil.
Em 1822, por exemplo, o patrono e “carteiro da corte” Paulo Bregaro levou do Rio de Janeiro a São Paulo a carta que mudaria nosso destino.
A mensagem, subscrita pela princesa Leopoldina e José Bonifácio e dirigida a Dom Pedro I, culminou com a Proclamação da Independência.
De lá pra cá, os Correios enfrentaram grandes desafios para abreviar distâncias, aproximar brasileiros e influir sobre o que somos como civilização.
Nenhum desses desafios, porém, é páreo para a ameaça que ronda agora a nossa empresa mais antiga:
Mesmo gerando lucro e sendo reconhecida recentemente pelo ministro Fábio Faria (Comunicação) como um orgulho do Brasil, o Governo Bolsonaro articula sua privatização.
É difícil entender onde mora a lógica dessa equação.
Podemos dimensionar, porém, o tamanho do prejuízo que essa operação descarte significa para o país.
E mais precisamente para os 105 mil 836 homens e mulheres que fazem as engrenagens dos Correios e Telégrafos girarem.
Eles ficarão sem seus empregos se o orgulho do país não for mais nosso.
E os brasileiros perderão mais uma instituição estratégica para o seu desenvolvimento.
Verdade que o hiato temporal que separa os Correios de 2021 daquele de Bragato é colossal.
O mundo mudou. As comunicações também.
Não chegam mais notícias da família nem declarações de afeto nas caixas dos correios.
Mas, ainda assim, os Correios continuam imprescindíveis – gerando lucro e servindo aos brasileiros.
E poderia atuar de forma ainda mais estratégica com investimentos em sua modernização.
A tentativa de privatização dos Correios – que sempre terá minha sistemática recusa -, aliado ao processo de venda da Eletrobrás, representa a mais agressiva dilapidação dos nossos ativos mais valorosos.
Feito (olha a ironia) por supostos patriotas.
Precisamos gritar de novo por independência.
Ou testemunharemos a morte do patrimônio nacional.
Nilda Gondim