José Vicente Santini, que foi demitido em janeiro de 2020 após usar um jato da FAB (Força Aérea Brasileira) de forma indevida, voltou ao governo federal. Amigo da família do presidente Jair Bolsonaro, ele ganhou um novo cargo, como secretário nacional de Justiça do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), em nomeação divulgada nesta quarta-feira (4).
O cargo tem remuneração mensal de R$ 16,94 mil. Santini terá a responsabilidade de coordenar estratégias do governo de combate à corrupção e lavagem de dinheiro, além de lidar com políticas de migrações, enfrentamento ao tráfico de pessoas, e de acesso à Justiça e à cidadania.
Ele foi exonerado do cargo de secretário-executivo da Casa Civil no começo de 2020 por usar um jato da FAB com apenas três passageiros para voar da Suíça, onde participava do Fórum Econômico Mundial, para a Índia, onde Bolsonaro cumpria agenda oficial.
Na ocasião, Bolsonaro chamou de inadmissível e imoral o uso do voo oficial. A pasta era comandada por Onyx Lorenzoni à época.
“Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx [Lorenzoni]. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final”, afirmou o presidente à época.
Ao dizer que Santini deixaria o cargo, Bolsonaro não excluiu a possibilidade de ele ocupar outras funções no governo federal. Para o presidente, a conduta de Santini havia sido “completamente imoral”.
“O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de aviões lá comercial, classe econômica. Eu mesmo já viajei no passado, não era presidente, para Ásia toda de comercial, classe econômica, e não entendi. A explicação que chegou no primeiro momento: ‘Ele teve de participar de reunião de ministros por isso…’ Essa não, essa desculpa não vale”, acrescentou Bolsonaro.
Em setembro de 2020, Santini voltou a ganhar um cargo no governo federal, quando foi nomeado assessor especial do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Em fevereiro do ano seguinte, ele foi levado de volta ao Palácio do Planalto, ao posto de secretário-executivo da SGRP (Secretaria-Geral da Presidência da República).
Com mudanças promovidas por Bolsonaro para levar o centrão ao centro do governo e acomodar Ciro Nogueira (PP-PI) no comando da Casa Civil, Santini acabou deixando a SGPR.
Formado em direito e filho de general, Santini chegou ao governo com respaldo dos filhos de Bolsonaro, que se refere a ele como “cabeludo”. Ele ocupará a função que era exercida pelo advogado da União Claudio de Castro Panoeiro.
Folha de S. Paulo