O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, declarou na manhã desta segunda-feira (31), em entrevista à GloboNews, que a partir dos depoimentos, o colegiado tem forte indício de que houve um gabinete paralelo no Ministério da Saúde.
O parlamentar disse que teve conversas com colegas médicos que afirmaram que a imunologista Nise Yamagychi, que prestará depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito, é “uma pessoa séria” e que falará “a verdade”.
“Doutora Yamaguchi, que estava presente naquele encontro que [Luiz Henrique] Mandetta diz que não se lembrava, em que pediram para Anvisa colocar indicação para covid na bula da cloroquina. Nós temos indicio forte desse gabinete paralelo, e vamos atrás dele, porque propagaram cloroquina”, declarou Aziz.
A respeito dos novos depoimentos da CPI, Aziz declarou que no domingo (30), afirmou preferir ouvir a ex-secretária de Enfrentamento à Covid-19 Luana Araújo. O parlamentar disse ainda que a reconvocação do Ministro da Saúde Marcelo Queiroga poderá ser antecipada, mas após a oitiva da ex-secretária.
“Na reunião de ontem eu disse que preferia ouvir a doutora Luana e depois Queiroga. Ele faz discurso, usa máscara, mas grande parte do governo não atende essa recomendação. Ele que está sendo desmoralizado por quem o nomeou”, comentou o parlamentar.
Pazuello foi “sonso” no depoimento
Na percepção de Aziz, o depoimento que foi mais esquivo até o momento foi o do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
O senador afirmou que o general do Exército deu informações importantes à Comissão Parlamentar de Inquérito. Conforme Aziz, até o depoimento de Pazuello, o colegiado não tinha convicção do que se passava no governo.
“Mais sonso, mais dissimulado, ele tinha, para cada fato, uma versão, era impressionante. Uma, o presidente desautorizou? ‘Imagina’, aí aparece ele falando que um manda e o outro obedece. Por isso, importância do coronel Élcio, que também foi negacionista e contra vacina”, pontuou.
Retomada da CPI
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito serão retomados nesta terça-feira (1°), com o depoimento de Nise Yamaguchi. A médica é suspeita de integrar um suposto gabinete paralelo, que seria composto por políticos, médicos e empresários.
As orientações do grupo eram dadas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o depoimento prestado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
Foi atribuído à médica a tentativa de alterar a bula da cloroquina para que o medicamento, que não tem eficácia comprovada contra a covid-19, passasse a ser recomendado para pacientes diagnosticados com a doença.
UOL