Era agosto de 1993. O então deputado federal Jair Bolsonaro indaga, durante um encontro no Clube Militar, sobre a falta de informatização do sistema eleitoral do país: “esse Congresso está mais do que podre. Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos e só serão computados 3 mil”, disse.
Estamos em 2021, sobrevivendo a pandemia do novo coronavírus. O Brasil se afunda, a cada dia, entre mortos e esfomeados pelas ruas dos centros urbanos. São mais de 14 milhões de desempregados e desalentados. A extrema pobreza bate recorde, com 40 milhões de pessoas vivendo em situação de miséria.
Quem é o nosso presidente? Jair Bolsonaro! O mesmo que entre cargos como deputado federal e presidente, foi eleito seis vezes, com votos contabilizados pelas mesmas urnas eletrônicas que esnoba.
O mesmo que após ganhar no 2º turno as eleições presidenciais de 2018, alegou que teria vencido no 1° turno se não fossem as fraudes e que poderia provar: coisa que ainda não fez.
O sistema eleitoral brasileiro é informatizado desde 1996, quando foi utilizada a primeira urna eletrônica no país. Não houve fraudes desde então. A urna eletrônica passou e passa por inúmeras mudanças tecnológicas a fim de garantir aos brasileiros um processo de votação seguro e confiável.
No último dia 14 de maio, Bolsonaro afirmou que se não houver voto impresso em 2022 e Lula, seu potencial rival, for eleito, haverá fraude na contagem de votos.
A obsessão por voto impresso por parte de Bolsonaro oferece munição a grupos bolsonaristas para desqualificarem o processo democrático com antecedência, ainda que sem nenhuma prova sobre fraudes no atual sistema de votação eletrônica do país.
O mesmo Bolsonaro, diante da derrota de seu ídolo Donald Trump, em 2020, falou em fraudes nas eleições dos Estados Unidos, onde parte do voto é impresso, deixando o Brasil em uma situação complicada diante do novo presidente norte-americano eleito, Joe Biden.
O combate à pandemia deveria ser a prioridade do governo federal, mas infelizmente os problemas reais do povo brasileiro não têm importância.
Bolsonaro parece só ter olhos para as próximas eleições, desde o primeiro dia de governo.