Na última sexta-feira (22), o padre Luciano Lustosa fez um agradecimento à nova prefeita, Karla Pimentel, por ter removido o monumento “Árvore dos Bons Ventos” da entrada do município de Conde, no litoral sul do Estado. Segundo o religioso, a obra representava “a árvore do mal”.
Nas últimas semanas, boatos que o monumento estaria ligado a uma suposta seita satânica ganharam força na cidade e atribui-se ao religioso o pedido à nova gestão para que a escultura fosse extirpada.
Na terça-feira (26), a prefeitura do Conde informou que removeu o trabalho do artista plástico Wilson Figueiredo para que fosse feita manutenção na peça, pois apresentava pichações e deterioração.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, o padre Luciano foi manchete por ter ter sido conduzido à delegacia após ordenar a pintura do cruzeiro de frente à igreja de Conde. A cruz seria azul e foi pintada de marrom. Naquela ocasião, o religioso alegou que estava sendo vítima de autoritarismo e de uma gestão comunista. “Eu estou sendo preso. A prefeita mandou me prender. Eu troquei a pintura do cruzeiro que é da a paróquia. É uma coisa absurda. A gente fica de boca aberta diante dos desmandos, da arbitrariedade, do autoritarismo. Mas também existe um viés comunista nisso. Nós sabemos que quem é comunista odeia padre, odeia igreja, odeia tudo que é religioso, persegue, não tem caridade por ninguém. Eu estou no meu direito e vou à delegacia e comparecer diante das autoridades para conversar sobre isso.”
Márcia Lucena, prefeita do município na época, negou que tivesse determinado a condução coercitiva do padre, que foi levado à delegacia de Alhandra por um agente da Guarda Municipal de Conde. “Eu não mandei prender ninguém. Eu nem sabia”, declarou.
MP de Contas cobra explicação – O Ministério Público de Contas (MPC), por meio da Força Tarefa do Patrimônio Cultural, protocolou nesta terça-feira, no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), um pedido de informações para que a gestão municipal de Conde apresente o motivo da remoção da escultura “A Árvore dos Bons Ventos” de seu lugar original, na entrada da cidade. No lugar da obra foi instalada uma âncora.
No documento, o MP de Contas pede que a prefeitura responda:
A situação e o estado de conservação do bem cultural retirado;
A motivação e justificativa técnica para a retirada da obra;
A manifestação do artista autor da obra;
Quais as cautelas adotadas para evitar danos ao bem cultural enquanto ela não estiver no seu local habitual;
Qual o local de sua guarda temporária, o prazo que deverá durar a restauração e qual o prazo para a sua reinstalação;
O procedimento adotado para aquisição do novo bem (a âncora) que substituiu com auditoria dos valores eventualmente despendidos;
Quais os custos envolvidos na retirada.