O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), esteve sábado (21) ativando os geradores termoelétricos contratados para ajudar no fornecimento de energia elétrica ao Amapá. A expectativa era que os equipamentos fornecessem eletricidade suficiente para amenizar a crise. No entanto, moradores relataram a explosão de transformadores e curto generalizado na rede elétrica, após um dia de muita chuva e inundações. Veja o vídeo abaixo:
O estado sofreu um blecaute total no dia 3 de novembro em 13 dos seus 16 municípios. A energia começou a ser restabelecida no dia 7, mas em regime de rodízio. Um novo apagão no Amapá chegou a ocorrer na noite de 17 de novembro. Além da capital, mais 12 municípios estão há 20 dias sem o fornecimento completo de energia elétrica devido à falta de manutenção de transformadores por uma empresa privatizada responsável pelo fornecimento.
Moradores relatam um estado de crise humanitária, reconhecido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Não há apenas falta de energia, mas também de água, perda de alimentos perecíveis, altas temperaturas, insegurança alimentar e ainda violência policial que atacou os manifestantes que protestavam contra a negligência do Estado.
O fornecimento de energia vem acontecendo em regime de rodízio, com intervalos de 4 horas durante o dia e de 3 horas durante a noite. A expectativa era que as duas usinas termoelétricas, no Santa Rita e em Santana, produzissem 45 megawatts de energia para que o estado atingisse a sua carga normal de consumo.
A historiadora Marcella Viana, 27, é moradora do bairro do Muca, na zona Sul de Macapá. Ela relatou ao UOL que a maioria dos bairros seguem sem o fornecimento integral de energia e que, em muitos casos, o racionamento não está sendo respeitado.
“O fornecimento está um caos. Não sabemos a hora que vai embora, a hora que volta. Além disso, passamos 24h sem água. Lá não é poço, logo, quando vai a energia vai a água também. Ontem ficamos no escuro o dia todo e tivemos energia durante umas 3h à tarde e de madrugada”, contou a amapaense.
Para a estudante de enfermagem, Cárita Suelen, 24, fica difícil acreditar na normalização do fornecimento de energia após o descumprimento de vários prazos dados pelo Ministério de Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema) e a LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia).
“Pelo que vi, não mudou nada, continuou no racionamento e eu também não entendi o motivo dele [Jair Bolsonaro] ter vindo apertar o botão. Eu não tenho confiança nenhuma nesse prazo, eu espero muito que seja verdade, a gente sofre vendo o sofrimento da população, mas apesar de tudo, ainda resta um pouquinho de esperança”, comentou Cárita.
Com UOL e Mídia Ninja