Quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021. Dia em que o Brasil alcançou o triste e dolorido número de 250.036 mil brasileiros mortos vítimas da Covid-19. O Brasil é o segundo país a alcançar essa marca, atrás apenas dos EUA, que nesta semana superou a marca de 500 mil mortes. As informações são do consórcio dos veículos de imprensa formado por Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1.
O número, que ainda não incluía os dados de quatro estados, foi atingido às 18h03 do dia 24, pouco mais de 24 horas antes de se completar 1 ano do registro oficial do primeiro caso no país. No dia 26 de fevereiro, um homem de 61 anos foi internado em um hospital em São Paulo, após ter passado os dias do carnaval na Lombardia, na Itália.
É como se a pandemia tivesse aniquilado totalmente a população de uma cidade média brasileira — como Americana (SP), Itaboraí (RJ) ou Novo Hamburgo (RS) — ou até mesmo de um país pequeno, como São Tomé e Príncipe, na África.
O número de 250 mil pessoas assusta quando é colocado em perspectiva:
- É como se a pandemia tivesse matado três Maracanãs lotados.
- A pandemia matou até agora a mesma quantidade total de brasileiros que morreram de qualquer causa nos dois primeiros meses de 2019.
- O número de mortos pela Covid na pandemia é quase seis vezes maior do que o de mortos por homicídio no Brasil em todo 2020.
- É como se tivessem morrido 680 pessoas por dia desde que o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no Brasil. Isso equivale a 28 mortes por hora.
Em 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que havia uma pandemia de coronavírus no mundo. Naquele dia, foram 118 mil casos confirmados em 114 países do mundo, com 4,2 mil mortes. No entanto, naquela época ainda pouco se sabia sobre o vírus, e havia poucos testes e estatísticas confiáveis.
Nos meses que seguiram, houve muita confusão e pouco entendimento do que poderia acontecer. Estimativas sobre o número de mortos variavam de 1 milhão de mortos (previsão de pior cenário feita pelo Imperial College de Londres), a menos de 3 mil mortos (previsão do político Osmar Terra).
No final de março, o então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, previu que até abril haveria um colapso do sistema brasileiro de saúde, que seria incapaz de lidar com as hospitalizações em massa. No mesmo dia, o presidente brasileiro se referiu ao coronavírus como “uma gripezinha”.
Nas semanas seguintes, o Brasil viu disputas políticas, medidas desencontradas e superlotação de hospitais. Três ministros da Saúde (Henrique Mandetta, Nelson Teich e o atual, Eduardo Pazuello) passaram pela pasta. Estados e municípios ficaram responsáveis por decidir localmente sobre medidas de restrição de quarentena e fechamentos de estabelecimentos comerciais, escolas e transporte público. O governo federal começou em abril o pagamento de um auxílio emergencial para trabalhadores que perderam sua renda por causa da pandemia.
No dia 8 de agosto de 2020, foi atingida a marca de 100 mil mortos. No dia 7 de janeiro deste ano, o país ultrapassou as 200 mil mortes.
Em janeiro deste ano, começou a vacinação da população, mas, sem doses suficientes, muitas cidades tiveram de interromper suas campanhas.
Números proporcionais
Apesar de ser o segundo país com o maior número absoluto de mortos por covid-19, a situação é diferente quando se analisam apenas mortes em relação ao tamanho da população. O Brasil tem a sexta maior população do mundo.
Na comparação com o tamanho da população, o Brasil fica entre os 30 países com mais mortes por covid-19 para cada 100 mil pessoas de sua população. Em alguns países como Reino Unido, Portugal, Itália e Estados Unidos, houve mais mortes do que no Brasil, na proporção da população.
Também na comparação proporcional, houve mais mortos no Brasil do que na Argentina, Alemanha e Rússia.
BBC News Brasil