William Shakespeare em “Hamlet” cunhou o dilema do ser ou não ser, eis a questão. Curiosamente, a oposição paraibana vive um drama shakespiriano da dúvida. De um lado abandono, do outro “carinhos mil”.
A oposição já se reuniu com Maranhão várias vezes, mas nenhuma reunião é tão decisiva para o seu futuro como a de hoje, que a acontecerá as 10 da matina na casa do ex-governador, lá no Altiplano.
O esquema do governador Ricardo Coutinho faz uma lipoaspiração na bancada governista, que perdeu três deputados e a previsão é de perder mais três nas próximas semanas.
Há quem diga que a inércia do ex-governador, catatônico diante das investidas, é o que motiva as decisões de migração, mas prefiro entender as defecções como naturais e previsíveis.
Wilson Braga sempre mudou de lado e nunca gostou de ser oposição. Aias, Braga é uma múmia paralítica vegetando no Plenário da Assembleia em um mandato que é pequeno pra sua história e grande para uma senilidade que o impede de discernir.
No caso e de Doda de Tião talvez haja surpresa, mas a adesão de Márcio Roberto ontem já era esperada, pois o deputado sempre vai para o lado contrário do seu arquirrival Gervásio Maia.
O que preocupa são os rumores de debandada no resto da bancada. Sem perspectiva de poder, novos e velhos parlamentares estão com o desconfiometro ligado e se balançam por uma questão de sobrevivência.
A reunião de hoje acontece no momento exato em que a panela de pressão chega a sua fervura máxima e, com válvula entupida, se prepara para explodir.
Se a água que Maranhão jogará na fervura será suficiente para baixar a pressão é o que vamos saber nos próximos oito dias, pois é público que algumas excelências sofrem de compulsão pelo tesouro e não conseguem se afastar muito da máquina estatal.
Cá pra nós, silêncio estratégico é uma coisa, negligência é outra. A oposição é uma criança de quatro anos perdida em uma feira de mangai.