A inércia é prima da zona de conforto, amiga do ócio e colega da incompetência. O Folia de Rua, movimento cultural proativo, criado nos anos 80 para fomentar toda a cultura paraibana a partir das prévias carnavalescas, tem hoje em suas entranhas um bloco que comanda, trava e atrofia todos os demais, apesar de nem concentrar, nem sair e fazer a alegria de poucos.
Ao bater uma lata qualquer um é capaz de juntar gente e puxar um bloco, sob a atmosfera de pré-disposição dos dias que antecedem o carnaval, espécie de válvula da panela de pressão social.
A diferença entre troças e blocos do Folia de Rua está na consciência cultural e social de um evento que antes de ser uma festa é um movimento para resgatar e potencializar a cultura paraibana.
Quando fizemos o disco Folia de Rua, percussor de tudo, pregávamos que seria a trilha sonora que tocando nas rádios amplificaria o que ainda era muito só projeto.
Sabíamos que a massificação traria milhares de foliões para as concentrações e os arrastões seriam gigantes, que geraria empregos e renda para músicos e todos que um evento dessa magnitude precisa para acontecer.
Como previsto, tudo deu certo. Mas, só até um certo momento. Os melindres e dogmas do que se achava politicamente correto na época criou limites para o movimento e estabeleceu condições que levaram à estagnação e aparecimento de parasitas na célula central, que é a diretoria da Associação Folia de Rua.
Há um abismo entre a diretoria e os blocos e um corpo sem cérebro debate-se inerte em círculos e perde o norte. Chegou a hora de o Folia de Rua se reinventar, voltar a crescer e amplificar sua capacidade de potencializar a cultura paraibana além muros e gerar mais emprego e renda.
Todo movimento gera uma casta e toda casta gera um parasita. Mas o Folia de Rua não precisa de um “cachimbo eterno”. Bola, fora!
Dércio Alcântara