Sou daqueles que roe as unhas no aguardo do desfecho de uma série como a que estou maratonando, O Sobrevivente Designado, ou em inglês Designated Survivor, na Netflix; meu amigo Veneziano, não. É glacial. Nem pipoca come.
Tudo bem! Cada um reage de um jeito aos estímulos do espetáculo cinematográfico. No Sobrevivente Designado explodiram o Capitólio com o presidente, vice, deputados, senadores e Suprema Corte dentro. Não sobrou ninguém. Só o Sobrevivente Designado.
Acho que vou desistir de pedir para o meu amigo Veneziano assistir as mesmas séries que assisto. Faço isso tentando entabular assuntos extra política tupiniquim, mas ele não tem se identificado com o personagem da série e, quando não se identifica, não se emociona. Assiste, é disciplinado, mas não internaliza.
Eu entendo Veneziano. É um cara que só fez a primeira viagem internacional com 45 anos e até hoje só foi aos Estados Unidos e a China. O resto do tempo de vida trabalhou em política com o pai, o irmão e agora cumpre seu destino carregando o bastão de filho de Vital do Rego e neto de Pedro Gondim, além de ter como Tio Avó Argemiro de Figueiredo.
Às vezes acho que se Veneziano tivesse assistido outra série que recomendei as coisas seriam diferentes.
– Você já assistiu House Of Cards? – perguntei
– Me disseram que é boa – disse ele
E nunca mais voltei a perguntar se viu ou não viu essa série, mas deveria ter insistido, pois em tempos de novela mexicana escrita em capítulos intermináveis como a que estamos acompanhando na política paraibana, talvez um pouquinho de House Of Cards fosse útil ao irmão do ministro Vitalzinho.
Cá pra nós, um texto desse merece até trilha. Tadeu Mathias, Vida Real.
Dércio Alcântara