A situação das creches do município de Campina Grande é caótica. Os relatos, absurdos, foram feitos por servidores que atuam nas 35 unidades da cidade, durante assembleias coordenadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste e da Borborema (Sintab), na manhã e na tarde da última sexta-feira, 09.
Os encontros aconteceram na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb). Entre os principais problemas denunciados, está a escassez de alimentos para a produção da merenda escolar, comprovando que o serviço está longe de ser regularizado, ao contrário do que divulga a gestão municipal.
“As crianças estão passando fome”. É o relato extremo de uma das professoras, que terá sua identidade preservada, assim como as demais citadas nesta matéria. Em resumo, os insumos, conforme as revelações, não estão chegando em quantidade suficiente para os dias estabelecidos e há casos em que as servidoras estão repondo alimentos, com recursos próprios ou, contando com doações.
Este não é, infelizmente, o único tipo de desfalque que as creches de Campina estão sofrendo. Faltam também materiais básicos de higiene, limpeza e de expediente, essenciais para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. “Por incrível que pareça, estamos fazendo racionamento de material pedagógico”, contou uma das professoras.
O número excessivo de bebês por turma é mais uma denúncia feita pelas servidoras. “As crianças sofrem, mas a gente sofre também, porque a gente estudou para ser pedagoga, a gente quer ser educadora, a gente quer olhar no olho das nossas crianças, mas o volume de serviço é imenso e não tem como darmos conta. São mais de 22 crianças para apenas duas profissionais. Eu não sei o que fazer, me sinto de mãos atadas”, lamentou outra das servidoras presentes.
Há queixas também sobre a permanência de crianças doentes nas unidades. “Para citar um exemplo da creche onde trabalho, foi diagnosticado que a criança está com rubéola e mesmo assim a criança ficou na creche. O que está acontecendo é que a Secretaria diz que tem que matricular e aceitar a criança doente, que vai mandar um terceiro professor, mas não manda e ainda que mandasse, é um risco, uma falta de responsabilidade descabida com quem está doente e com os demais, e este não foi um caso único”, revelou outra das professoras durante a assembleia.
Completando o cenário caótico, está a constatação de que a maior parte das profissionais estende o horário de serviço, porque precisa tomar conta das crianças que aguardam os pais, já que não há funcionários designados especialmente para esta função.
Para buscar soluções para estes problemas, alguns encaminhamentos foram definidos. Conforme ratificou o diretor de Comunicação do Sintab, Napoleão Maracajá, falta compromisso e respeito com a educação em Campina Grande. “A partir destas assembleias nós iremos formar uma comissão, com pelo menos três servidores, para acompanhar o sindicato até o Ministério Público e reproduzir as denúncias, que são gravíssimas; também iremos exigir do secretário em exercício, através de um documento, respostas objetivas para resolver estes problemas, urgentes; além disso iremos chamar o Conselho Tutelar, de forma institucional, para informar toda esta situação. Esperamos não ter que recorrer a medidas drásticas, como greve destes servidores”, detalhou.
Em tópicos:
1. Falta alimentos para a merenda e as crianças estão passando fome;
2. Falta material de limpeza e de higiene;
3. Falta material pedagógico;
4. Número excessivo de crianças por sala;
5. Ter que aceitar a permanência de crianças doentes nas unidades;
6. Profissionais têm que estender o horário para tomar conta das crianças que aguardam os pais, porque não há funcionários designados especialmente para esta função.
Redação com Sintab