A 2ª Vara Criminal de João Pessoa, através do juiz Marcial Henrique Ferraz da Cruz, aceitou uma nova denúncia contra o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, no âmbito da Operação Calvário. Desta vez, ele é acusado de comprar uma residência situada num condomínio de luxo, em João Pessoa.
Além dele, o Ministério Público da Paraíba (MPPB), responsável pela apresentação da denúncia, também citou o filho de Ricardo, Rico Coutinho (Ricardo Cerqueira Coutinho), seu irmão Coriolano Coutinho; a irmã, Raquel Vieira Coutinho, além dos os empresários Ivanilson Araújo, Denise Pahim e Anelvina Sales Neta, como integrantes do esquema de repasse de verba.
A denúncia explica que os desviam aconteciam de contratos firmados entre o Governo do Estado, na gestão de Coutinho entre 2010 e 2018, e empresas fornecedoras de produtos agrícolas. O imóvel mencionado pelo MPPB teria sido adquirido no último ano de seu segundo mandato.
A casa comprada, num condomínio no Portal do Sol, é avaliada em R$ 1,7 milhão. Rico Coutinho, conforme apurado, foi o responsável por simular a compra da residência na intenção de ocultar a origem do patrimônio. O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) aponta que o filho do ex-governador praticou o crime de lavagem de dinheiro ao ocultar as transações de compra e venda do imóvel do pai fruto de movimentações ilícitas.
Segundo averiguado, Ivanilson Araújo acumulava vários contratos com o Governo do Estado, sob a gestão de Ricardo, e devolvia parte do dinheiro aos parentes do ex-gestor. A empresa em questão é a Santana Agroindustrial LTDA e, de acordo com dados obtidos no Sistema Sagres do Tribunal de Contas do Estado (TCE), ela teria recebido do Governo do Estado R$ 70 milhões entre 2011 e 2018.
A empresa teria recebido da gestão estadual, em 22 de fevereiro, R$ 2,9 milhões. No dia 28 do mesmo mês e ano, Ivanison Araújo transferiu R$ 300 mil para Raquel Vieira Coutinho. Na sequência, em 9 de março, ela teria feito depósito de R$ 289 mil em aplicação usada pelo ex-governador para, no dia 14 de março de 2018, compor os R$ 409,9 mil dados como parte na compra do imóvel.