Único deputado eleito pelo MDB para a nova legislatura, Raniery Paulino não se fez de rogado e propôs, ontem, que o partido promova uma autocrítica a respeito do visível enfraquecimento no cenário político do Estado, alertando que este é um passo importante para a reconstrução de uma legenda que marcou história em outros pleitos. Raniery foi incisivo ao destacar que o senador José Maranhão, presidente do diretório regional, deve conduzir o processo de definições dos rumos a serem seguidos. Pessoalmente, revelou que está pronto a colaborar.
O MDB paraibano não conseguiu eleger o candidato próprio ao governo, José Maranhão, que começou a disputa na liderança das pesquisas de intenção de voto e acabou em posição vexatória, nos últimos lugares. Ao mesmo tempo, o partido não elegeu um deputado federal para a nova legislatura. E para a Assembleia conta solitariamente com Raniery, que, inclusive, foi reeleito. O pai de Raniery, com influência em Guarabira e no brejo paraibano, ex-governador Roberto Paulino, teve um resultado pífio ao tentar se eleger senador, embora tenha sido o único nome lançado por Maranhão para esse posto.
O enfraquecimento do MDB na Paraíba tem como uma das causas o esvaziamento experimentado ao longo dos anos, bem como a ausência de renovação de quadros, com a consequente falta de oxigenação. Entre os políticos de expressão que migraram do partido nos últimos tempos figuram o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, que entrou no PSB e se elegeu senador no último domingo, o deputado Gervásio Maia, que também entrou no PSB e foi o candidato mais votado a deputado federal este ano e o ex-deputado, atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, que não logrou apoio para concorrer a uma vaga de senador. O ex-governador José Maranhão tem enfrentado restrições de liderados em virtude do estilo centralizador que adota à frente da Executiva partidária e da forma impositiva com que implanta decisões, sem uma discussão aprofundada com os correligionários.
Um outro quadro ilustre que o MDB perdeu foi o senador Raimundo Lira, que assumiu a titularidade com a renúncia de Vital do Rêgo Filho, nomeado ministro do Tribunal de Contas da União. Lira acabou migrando para outro partido e desistiu de concorrer à reeleição, baseando-se em acurada reflexão sobre o significado e os mistérios da vida pública. Dentro do MDB, as restrições a José Maranhão se estendem ao controle férreo mantido por ele no que diz respeito ao Fundo Partidário, cujos recursos deveriam ser rateados democraticamente mas que foram repassados de forma desigual, de acordo com queixas que vazaram na imprensa. Com informações Os Guedes.