Alvo de críticas pela condução da pandemia nesses primeiros meses de 2021, a gestão do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), vem sendo avaliada noutro âmbito, a das velhas praticas do ‘cabide de empregos’ para pessoas sem concurso. Ocorre que o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), por meio do seu Sistema de Acompanhamento Online (Sagres), revelou um expoente crescimento nas folhas de pessoal do mês de janeiro deste ano, comparando a folha de março (última folha completa disponível no TCE), onde indica que o gestor já nomeou quase oito mil pessoas, muitas das quais ligadas diretamente a sua pessoa e com altos salários.
Segundo o Sagres, o modelo de administração de Bruno em muito se parece com o do ex-prefeito Romero Rodrigues (PSD), pois além de ambos serem alvos de alertas do TCE-PB por irregularidades em seus governos, o atual gestor foi alvo de um alerta no último dia 18 de março, por defender indicações politicas de pessoas sem concurso.
Em janeiro de 2021, conforme o Sagres, a PMCG tinha exatas: 5.105 pessoas, entre comissionados e cargos de excepcional necessidade (sem concurso). Em fevereiro de 2021, a PMCG tinha exatos: 7.008 contratados, entre comissionados e cargos de excepcional necessidade (sem concurso). Em março de 2021, são exatas 7.963, entre comissionados e cargos de excepcional necessidade (sem concurso). Ou seja, de janeiro para março houve crescimento de 2.858 pessoas!
Dentre esses estão: João Paulo Spencer que é assessor direto da vereadora Eva Gouveia, dito como a pessoa que resolve tudo dentro do PSD. Vale ressaltar também que de acordo com o TCE-PB, esse desde janeiro deste ano, está lotado como comissionado na Câmara Municipal de Campina Grande, recebendo a quantia de R$ 10 mil. Além disso, também está contratado pelo gabinete do prefeito Bruno Cunha Lima como comissionado, recebendo a quantia de R$ 6.138. Portanto, esse servidor estaria acumulando funções em horários semelhantes.
Também estão nomeados Francisco Carlos Ferraz de Sena (motorista de Bruno), lotado no gabinete do prefeito ganhando R$ 4.138; Narciso Virginio Guimarães Junior (segurança de Bruno e da primeira-dama), designado no gabinete do prefeito ganhando R$ 3.500; Rawide Hicaro de Melo Alves (fotógrafo do prefeito), lotado no gabinete do prefeito ganhando R$ 3.500; Roberto Alessandro Rodrigues Santa Cruz, ganhado R$ 8.000; Helga Valeria Casulo de Araújo (mãe de um amigo de Bruno), contratada pela secretaria de Obras, ganhando R$5.500; Carlos Artur Sousa Marques (Filho do ex-deputado Carlos Dunga), designado para a secretaria de Planejamento, ganhado R$ 4.000. Além deles, o padrasto do prefeito Bruno, o senhor Alexandre Pereira de Farias, está lotado na secretaria de Assistência Social, com salário de R$ 8.000 e o irmão do padrasto de Bruno, Carlos Sérgio Pereira de Farias, no Fundo Municipal de Saúde, ganhando R$11.153,51.
Outros erros da gestão de Bruno com a pandemia
Fura Filas – Recentemente, o MP entrou com ação para investigar uma denúncia de populares, que apontaram a vacinação de aliados do prefeito, furando a fila das doses recebidas pelo Governo Federal para a primeira etapa do programa nacional de imunização contra a Covid-19. “Formalizei denúncia no ministério público, com as provas colhidas e produzidas, pelos próprios vacinados, que furaram a fila de prioridade na vacinação contra à COVID-19 em Campina Grande. Ser amigo do Rei, garantiu essa prioridade”, disse a médica Tatiana Medeiros.
“Kit-covid” na gestão de Bruno – O Ministério Público da Paraíba (MPPB) estipulou um prazo entre 30 e 90 dias para concluir o procedimento inicial de uma denúncia realizada contra a Prefeitura de Campina Grande (PMCG), por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Segundo a denúncia, mesmo sem eficácia comprovada, o Hospital Municipal Pedro I, no bairro de São José, estaria mantendo a prescrição do chamado “kit-covid” para pacientes com sintomas da doença. Na semana passada, em depoimento a CPI da Covid, instalada no Senado Federal, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, surpreendeu integrantes da CPI ao criticar as falas e ações negacionistas do chefe do Executivo e pedir para que ninguém siga suas orientações.
De acordo com o Ministério Público, a Notícia de Fato (NF) está sendo analisada pela Promotoria de Justiça de Campina Grande, através da promotora de Justiça de Defesa da Saúde de Campina Grande, Adriana Amorim de Lacerda. Além do hospital, a promotora deve ouvir o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB). De acordo com o CRM, a prescrição do “kit-covid” é permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), contanto que o médico informe ao paciente a falta de evidências científicas e os efeitos colaterais. O mais curioso é que a distribuição dessas substâncias foi confirmada pelo próprio Bruno, que fez uma transmissão ao vivo por meio das suas redes sociais em frente à unidade hospitalar.