A produção da indústria brasileira subiu 0,2% em setembro frente a agosto, informou nesta quarta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número já considera ajustes sazonais.
O IBGE revisou os dados da produção industrial de agosto na comparação com julho. Ao invés da queda de 0,8% divulgada anteriormente, o órgão informou que o recuo foi, na verdade, de 0,7%. A revisão é feita com base na atualização de informações por parte dos informantes da pesquisa.
Também foram revisados os números de abril (de crescimento de 1,2% para 1,1%) e maio (de alta de 1,2% para 1,4%).
Na série sem ajuste sazonal, a produção industrial cresceu 2,6% em setembro ante o mesmo mês de 2016, o quinto resultado positivo consecutivo. Ano contra ano, as taxas haviam sido de 4,4% em maio, 0,8% em junho, 2,8% em julho e 3,9% em agosto.
“Em dezembro do ano passado, houve um resultado positivo nessa base de comparação que interrompeu 33 meses seguidos de queda. Nos primeiros meses de 2017, variou entre positivo e negativo até chegarmos a essa sequência de crescimento”, disse o coordenador de Indústria do IBGE, André Macedo.
Assim, o setor apresentou crescimento tanto no fechamento do terceiro trimestre (3,1%) quanto no acumulado nos nove primeiros meses de 2017 (1,6%), no confronto contra iguais períodos do ano anterior.
“Foi o terceiro trimestre consecutivo de alta nesta base de comparação. Antes destes três trimestres de alta, tivemos 11 trimestres seguidos de queda”, destacou o pesquisador.
No acumulado dos últimos 12 meses, a produção da indústria avançou 0,4% em setembro. É o primeiro resultado positivo desde maio de 2014, quando o índice havia crescido 0,3%.
Recuperação lenta
Segundo Macedo, em setembro a indústria estava distante 17,4 pontos percentuais do pico de produção da série histórica, registrado em junho de 2013. “Já em termos de patamar [volume] da produção, é como se a indústria estivesse operando nos mesmos níveis de março de 2009”, apontou.
Questionado se há uma clara recuperação da indústria, o pesquisador ponderou que “é claro que tem uma melhora de ritmo [da produção], mas essa recuperação vem se dando num ritmo lento e ainda se tem muito o que percorrer”.
Macedo considera que as mudanças na conjuntura econômica do país em relação ao ano passado, como, por exemplo, a queda na taxa básica de juros e a pequena melhora no mercado de trabalho, têm contribuído para a melhora do ritmo industrial. Na análise dele, as incertezas no ambiente econômico e político têm diminuído.
“A incerteza afeta as decisões de investimento e decisões de consumo. É claro que afeta os resultados. Isso, inclusive, fazia parte do nosso escopo de análise quando a gente observava uma maior sequência de resultados negativos em 2016, quando havia um maior cenário de incertezas. Esse ambiente, é claro que ainda permanece, mas alguns fatores conjunturais melhoraram em relação ao ano passado”, avaliou.
Desempenho por atividade
O levantamento de setembro mostrou que 16 atividades analisadas pelo IBGE apresentaram queda na produção, enquanto apenas oito tiveram alta. Dentre as que cresceram, as mais significativas em termos de magnitude foram a de derivados de petróleo e biocombustíveis, produtos alimentícios, veículos e a da indústria extrativa.
“Essas quatro atividades somadas têm um peso de quase 50% do setor industrial”, explicou o economista do IBGE ao comentar porque mesmo com menor número de atividades em crescimento, o resultado geral foi positivo.