Mesmo afastado do cargo de prefeito de Camalaú desde agosto de 2020, Alecsandro Bezerra dos Santos (PSDB), conhecido por Sandro Môco, ainda continua recebendo um salário. De acordo com um levantamento feito pelo portal MaisPB, ele já recebeu quase R$ 500 mil, mesmo sem trabalhar.
Segundo dados divulgados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sandro ganhou R$ 60 mil de salários entre agosto e dezembro de 2020, ano que foi afastado do cargo, R$ 144 mil em 2021, R$ 168 mil em 2022 e R$ 126 mil até setembro de 2023, informa o Sagres.
Devido à decisão do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) que afastou o prefeito do cargo, a Prefeitura de Camalaú é comandada pelo vice-prefeito, Ubirajara Antônio Pereira Mariano.
A reportagem tentou contato com a gestão municipal, por meio os contatos disponíveis em seu portal oficial, mas não obteve resposta.
Entenda o caso
Sandro Môco foi afastado da Prefeitura de Camalaú em agosto de 2020, durante a Operação Rent a Car, deflagrada pelo Ministério Público da Paraíba com o objetivo de investigar a suspeita de crimes de falsidade documental, fraude à licitação e desvio de recursos públicos.
À época, Môco chegou a ser preso em flagrante, mas foi solto em seguida. O esquema, segundo o Ministério Público, consistia na prévia emissão de documentos falsos e locação fraudulenta de veículos do prefeito (uma caminhonete Nissan Frontier Le At 4X4, ano 2017 e um caminhão Mercedes Benz/ L 1113, vermelho, ano 1973), registrados em nome de “laranjas”, cujos contratos revelaram prejuízo ao erário no valor de R$ 314.690,62.
Há ainda outra investigação em curso contra Sandro. O Ministério Público acusa o tucano de corrupção passiva por, em razão da função de prefeito, ter solicitado vantagem indevida (pagamento de propina em dinheiro em espécie) da empresa PRLW Shows Ltda, conhecida pelo nome fantasia “Banda Pedrinho Pegação”.
No final do ano passado, o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) manteve o afastamento de Sandro Môco. O relator, o desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, resumiu o seu voto, destacando que a denúncia do Ministério Público foi bem detalhada, cautelosa e descreve os delitos com clareza. Ele rejeitou as alegações da defesa, votou pelo acolhimento da denúncia, dado os indícios de materialidade e de autoria e a documentação apresentada pelo MP.
Mesmo fora do posto de prefeito, Sandro Môco disputou e foi reeleito chefe do Executivo Municipal de Camalaú com 55,34%, numa disputa contra Aristeu (Cidadania), em 2020. Apesar do resultado, o tucano não conseguiu assumir, já que o desembargador Arnóbio Alves Teodósio prorrogou, à época, o afastamento.
Redação com MaisPB