A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (19), militares envolvidos em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O esquema, que incluía o uso de bombas ou envenenamento, foi descoberto em um documento encontrado na residência do general Mário Fernandes em 9 de novembro de 2022, conforme revelou o portal R7.
O plano dos militares presos envolvia explorar a “vulnerabilidade de saúde” do presidente Lula, com a ideia de envenená-lo ou usar substâncias químicas para causar um colapso em seu organismo. Também estava previsto que, para o plano continuar, seria necessário matar o vice-presidente Geraldo Alckmin. Os militares participantes do esquema aceitavam até mesmo sofrer mortes durante a execução da ação.
O objetivo era inviabilizar a chapa de Lula nas eleições de 2022. De acordo com o documento encontrado, a “neutralização” dos alvos eliminaria a chapa vencedora. Para a Polícia Federal, o planejamento apresentava “características terroristas”, contendo todos os detalhes necessários para a execução de uma operação de alto risco.
O documento ainda incluía um plano para assassinar Alexandre de Moraes. “O quarto tópico do planejamento descreve os riscos e impactos da ação. Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado à morte no contexto militar) seria alto”, cita a PF.
O documento encontrado pela Polícia Federal na casa do general Mário Fernandes detalhava as ações em andamento para monitorar a segurança pessoal de Moraes. Entre as informações, estavam dados sobre equipamentos de segurança, armamentos, veículos blindados, além dos itinerários e horários do ministro. Também eram analisadas rotas de deslocamento entre os locais frequentados por ele com mais regularidade.
“Na sequência, a lista com o arsenal previsto revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação. As pistolas e os fuzis em questão são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados. Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: uma metralhadora, uma lança granada 40 mm e um lança rojão AT4″, lista.
A PF destacou que os armamentos mencionados no esquema são de uso militar e comumente empregados por grupos de combate, caracterizando a gravidade e a natureza bélica da ação planejada. “A primeira, M249, é uma metralhadora leve altamente eficaz, projetada para fornecer suporte de fogo em combate. A combinação de leveza, taxa de disparo e capacidade de alimentação a torna uma arma estimada em diversas situações táticas. A segunda é uma arma projetada para disparar granadas de fragmentação ou munições especiais de 40mm que fornece capacidade de fogo indireto e versatilidade em termos de tipos de munição”, cita.
Entenda a operação
O plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foi encontrado pela PF (Polícia Federal) na casa do general do Exército Mario Fernandes, ex-assessor do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mais cedo, a corporação realizou uma operação para desarticular uma organização criminosa autora de tentativa de golpe de Estado e de restrição do Poder Judiciário.
Os militares presos na operação são: tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, general Mario Fernandes, tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o policial federal Wladimir Matos Soares. Neste momento, os agentes estão na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. O Exército busca informações sobre a prisão dos suspeitos para decidir para quais batalhões serão encaminhados, uma vez que não pode ter contato entre os investigados.
Ao todo, são cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes em 24 horas, e a suspensão do exercício das funções públicas. Os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Em tese, os crimes cometidos são abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa, segundo a corporação.