Tenho visto pelas redes sociais, com justa razão e preocupação, a indignação de todos contra a defesa do absurdo feito pelo Jovem apresentador Monark.
Quero sublinhar jovem apresentador porque acredito que o que acontece com o Monark pode está acontecendo também em escala com outros jovens que também já veem com naturalidade a aceitação do horror como um direito de expressão, político, quem sabe até fundamental.
No meu tempo de juventude dizia-se que tudo que se escrevia no papel, o papel aceitava, no entanto, para sair do papel e ir para difusão social, o que estava escrito, teria de passar por crivos superiores e autorisativos. Por exemplo: se Sérgio Chapelin desejasse fazer algum tipo de apologia ao nazismo ou coisa dessa natureza, o tal crivo desautorizaria, ainda, podendo questionar sobre suas funções mentais, no mínimo.
Estes crivos ainda existem, para o bem e para o mal, mas não monopolizar mais o teor de uma notícia depois do surgimento das novas tecnologias de comunicação, notadamente, as redes sociais. Ali, tudo que se escreve vai pra rede e ela aceita, o crivo autorisativo é a vontade de quem escreve.
De tal forma, que se faz urgente urgentíssimo, saber o quê tem obtido êxito fazer com que jovens talentosos comecem a defender com tanta determinação o direito ao horror. As redes sociais, com certeza, são parte fundamental na circulação e no fortalecimento social deste tipo de consciência, mas o buraco parece ser mais profundo e o ninho da serpente pode estar em outro ou, mais provavelmente, outros lugares, inclusive na educação.
Negar aos garotos e as garotas o conhecimento sobre os fatos históricos e sociológicos da humanidade como o nazismo, a escravidão e seus processos de construção, ou tem como interesse velado a manutenção de uma compreensão histórica da humanidade completamente anacrônica ou, pior ainda, através do poder das redes sociais, manipular, falsear e fazer a mais predatória inversão de valores dos tempos.
O pecado mortal de tudo isso inicia-se numa educação acrítica, onde as pessoas crescem e se formam para ser objeto social quando deveriam ser sujeitos transformadores da história.
A partir do Espírito passivo das pessoas acríticas, basta reunir e pagar muito bem a alguns e algumas mentes brilhantes que aceitem trocar seu talento por um fantástico punhado de dinheiro. Aliás, quem criou e fez a bomba atômica, não a fez sozinho, foi uma mente brilhante que com muito dinheiro para pagar muito bem a outras mentes brilhantes, reuniu um extraordinário esforço de trabalho intelectual para nos colocar contra uma espada diante de nossas gargantas.
Eudes Hermano
Produtor cultura e ativista político