Uma das principais lições aprendidas nos últimos anos é que as descobertas científicas são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. Apesar da contribuição feminina ser cada vez maior, os trabalhos mais reconhecidos ainda são de cientistas homens, o que gera a leitura equivocada de que as mulheres não participam tão ativamente desta área.
Contrariando essa visão, o estudo “Demografia Médica no Brasil”, divulgado em fevereiro, aponta que as mulheres serão maioria entre os médicos já em 2024, com 50,2% do total de profissionais. Em 2035, a expectativa, segundo a pesquisa, é de que a porcentagem aumente para 56%. Entre 2023 e 2035, período projetado, o crescimento entre as médicas é estimado em 118%, enquanto, entre os homens, será de 62%.
Além da chamada feminização da medicina, também haverá um rejuvenescimento dos profissionais. No ano de 2035, mais de 85% dos profissionais terão idade entre 22 e 45 anos. Entre médicos até 40 anos de idade, mais de 70% serão mulheres, enquanto os homens não devem chegar a no máximo 60%.
“A história da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é uma síntese da importância da mulher na área médica. Uma das fundadoras da entidade foi a Dra. Verônica Rapp — que ao lado de seu marido, Tede de Eston, fundou a entidade, em 14 de setembro de 1961”, aponta a Dra. Cristina Matushita, vice-presidente da SBMN.
A Profª. Dra. Verônica Rapp ajudou a introduzir a tecnologia de radioisótopos no Brasil, que se tornou o primeiro país da América do Sul a iniciar na ciência que viria a ser a Medicina Nuclear. Outra figura histórica na área da medicina nuclear no Brasil é a Dra. Anneliese Fischer, que chefiou a área em instituições importantes como os Serviços de Medicina Nuclear, do Hospital Albert Einstein e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, ambos em São Paulo. “São mulheres pioneiras que abriram caminho para que outras viessem e conseguissem usufruir de melhores condições de trabalho e representatividade”, reforça Dra. Cristina Matushita.
Além da vice-presidente, outros dois cargos do quadro diretivo atual da SBMN são ocupados por mulheres. “Isso é fruto da participação de inúmeras colegas em diretorias anteriores, cujas essências podem ser muito bem representadas, pelos exemplos, das nossas duas ex-presidentes, Dras. Cristiana Altino Almeida e Marília Marone” destaca o Dr. Rafael Lopes, atual presidente. “É muito gratificante termos em nossa entidade muitas médicas como especialistas e associadas. Isso amplia a representatividade, reforça a tendência demonstrada no estudo e abrilhanta ainda mais a nossa sociedade, que se originou a partir de uma mulher”, afirma a vice-presidente da SBMN.
Dra. Cristina Matushita finaliza dizendo como vê o futuro das mulheres nas ciências: “Esperamos que assim como na entidade, a ciência e, mais especificamente a Medicina Nuclear, possam se tornar cada vez mais espaços em que as mulheres tenham a liberdade de escolher seus destinos e desempenhar as suas funções de forma a contribuírem para o desenvolvimento dos campos sociais. A SBMN felicita as especialistas da área de Medicina Nuclear e todas as mulheres por esta data e tudo que ela representa”.
Marie Curie, 1° Prêmio Nobel
Uma das pioneiras no desenvolvimento do conhecimento sobre radiações foi a cientista Marie Sklodowska Curie. Nascida em 1867, foi a primeira mulher da história a receber um Prêmio Nobel. Em 1903, a Academia Francesa de Ciências havia decidido indicar apenas os cientistas Henri Becquerel e Pierre Curie — marido de Marie — como candidatos ao Nobel de Física.
Pierre escreveu uma carta afirmando que a participação de Marie na pesquisa dos corpos radioativos havia sido imensa para ela ficar fora da premiação. No fim, o casal Curie e Becquerel recebeu o Nobel de física. Em 1911, Marie Curie voltou a fazer história, sendo a primeira mulher a ganhar dois prêmios Nobel, desta vez de química, por sua descoberta dos elementos rádio e polônio.
Arte: Viva Saúde.