O site Pragmatismo Político repercutiu, na noite dessa segunda-feira (22), a notícia de que a cidade de Campina Grande não estaria aceitando pacientes com Covid-19 de outros municípios, mesmo com leitos de UTI disponíveis.
O Ministério Público Federal abriu investigação após denúncias suposta violação da sistemática de regulação implementada pela Secretaria de Saúde de Campina Grande, para o encaminhamento de pacientes infectados pelo coronavírus.
Campina Grande foi notificada por atuar de forma não coordenada com a Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba no enfrentamento à pandemia. Segundo denunciado, a cidade estaria negando o atendimento a pacientes vindo de outros municípios, mesmo com leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) vazios.
Diariamente, há uma extensa fila de espera por leitos na Paraíba, os sistemas público e privado de saúde do estado entraram em colapso devido ao avanço da pandemia. Campina Grande poderia ser a salvação para estas pessoas que aguardam atendimento adequado para tratar a infecção causada pelo coronavírus.
O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde da Paraíba nesta segunda-feira (22) mostra que Campina tem 73% dos leitos de UTI ocupados, enquanto na capital João Pessoa a taxa de ocupação é de 93%. No sertão o cenário é ainda mais crítico, com lotação de 95%.
A Prefeitura de Campina Grande confirma a alta disponibilidade de vagas. Em publicação também na segunda, o município revelou ter 32 leitos de UTI e 71 de enfermaria vagos.
https://www.instagram.com/p/CMvUDz0BOqJ/
https://www.instagram.com/p/CMvJA9jrW5F/
“Nós acreditamos que, nesta situação de emergência, a coordenação dos leitos precisa ser estadual. Ou seja, os pacientes em uma fila de espera única. Caso contrário, estaríamos vivendo em um ambiente de ‘cada um por si’, e não é isso que a gente deseja”, afirmou um profissional de saúde, que preferiu não se identificar.
“Estamos com até 50 pacientes por dia na fila aguardando vaga de UTI. Se a própria Prefeitura de Campina divulga que há dezenas de leitos disponíveis, por que estão segurando essas vagas? Não há mais o que esperar”, acrescentou.
A despeito do apelo de profissionais de saúde da Paraíba por uma coordenação estadual no combate à pandemia, divergências políticas estariam na origem da ruptura de Campina Grande.
Com cerca de 410 mil habitantes, Campina é a segunda maior cidade do estado e o atual prefeito, Bruno Cunha Lima (PSD), é adversário político do governador João Azevedo (Cidadania).
Se na gestão dos leitos de UTI Bruno quer Campina isolada, o mesmo não se repete quando o prefeito trata da vacinação. Cobrado pela população sobre a aplicação dos imunizantes, ele se esquivou: “Não é o município que define os grupos a serem vacinados. Os grupos são designados através das notas técnicas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde”.
As contradições de Bruno não passaram despercebidas, e o gestor tem recebido críticas nas redes. “Bruno afastou Campina da responsabilidade de ceder leito para paciente de João Pessoa, mas quando o calo lhe aperta ele cita o estado como coordenador das ações sanitárias na pandemia. Muito conveniente”, criticou um internauta.
“Quando diferenças políticas guiam as atitudes dos governantes em uma crise sanitária deste porte, a vida humana acaba sempre colocada em segundo plano”, observou um médico em um grupo de profissionais de Saúde da PB.
A Paraíba tem 246.382 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus e um total de 5.243 óbitos. O estado é o líder do Nordeste no ranking da vacinação e ocupa o 6º lugar nacional na aplicação das doses.