Nada me surpreendeu mais nessa vida do que ser testemunha ocular da capitulação de amigos, colegas e outras pessoas inteligentes, tragadas pelo discurso fascistas da extrema direita.
Fui militante de esquerda, militei nos movimentos de combate a ditadura no finalzinho dos anos 70, mas não vivi 64 e 68, e ainda não tinha visto os que dormiram de touca.
Amigos torcendo por um golpe militar, mesmo sabendo que muitos de nós seríamos jogados no calabouço da repressão, exílio e covas rasas, me fez rever alguns conceitos, olhar de outro ângulo as pessoas.
Na verdade, a quinta coluna sempre esteve ombro a ombro, tomando cerveja, jogando bola, na mesa ao lado no trabalho e, muitas vezes, dentro dos laços familiares.
Confesso que o impulso me compele a fazer uma lista de todos os quinta colunas e fascistas que saíram do armário e divulgar, de forma a registrar para a posteridade: Judas, go home!
Mas, como Cristo, acho melhor oferecer a outra face. E com esse pragmatismo de Jesus aceitar aquela máxima de que errar é humano e permanecer no erro é burrice.
Na fé de que irão para a turma de reciclagem para reabilitação.
Dércio Alcântara