O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), anunciou sua desistência da candidatura à presidência da Câmara Federal. Segundo o parlamentar, seu apoio irá para o líder do partido na Casa, o deputado paraibano Hugo Motta, que pode se consolidar como um candidato de consenso. A informação foi divulgada pelo Jornal Folha de São Paulo nessa terça-feira (03).
Pereira comunicou sua decisão ao presidente Lula (PT) e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo a reportagem, Lira teria se reunido com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), para discutir os detalhes e alinhar o acordo referente à candidatura de Motta.
De acordo com relatos, o presidente do Republicanos informou sua decisão a Lula na companhia do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). Durante a conversa, o petista expressou que não se opõe à candidatura de Hugo Motta, mas manifestou o desejo de conhecê-lo.
Além de informar Elmar Nascimento sobre a articulação, ainda é necessário convencer o líder do PSD, Antonio Brito (BA), a retirar sua candidatura em prol do acordo. Conforme um influente membro do centrão, essa negociação ainda não foi realizada.
Elmar Nascimento ainda não demonstrou intenção de desistir de sua candidatura, e a cúpula do União Brasil já havia sinalizado em conversas reservadas que não aceitaria um candidato da “terceira via”. Apesar disso, membros do Planalto continuam otimistas quanto à possibilidade de firmar um acordo.
Nos bastidores, o nome de Hugo Motta era visto como uma opção viável para uma candidatura de consenso, graças ao seu bom relacionamento com parlamentares de diversos partidos na Câmara. No entanto, a proposta enfrentava resistência de Marcos Pereira, que até então não demonstrava que poderia desistir da disputa. A mudança de postura de Pereira ocorreu após ter ficado contrariado com a atitude do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em não abrir mão da candidatura da legenda.
Hugo Motta, líder do Republicanos, tem a simpatia de membros do governo Lula, além de ser próximo do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).
Por outro lado, deputados petistas demonstraram apreensão nos últimos dias, quando o nome de Motta voltou a ganhar tração nos bastidores, diante da proximidade dele com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e um dos principais atores do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
As eleições ocorrem em fevereiro de 2025, e Lira não pode se reeleger. Dessa forma, tenta transferir seu capital político em torno de um nome de sua escolha. Até o momento, deputados diziam que a tendência era que esse candidato fosse Elmar, já que os dois são próximos.
Motta também foi citado em reunião entre Lira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no domingo (1º). De acordo com um interlocutor dos dois políticos, o presidente da Câmara apresentou cenários da disputa e mencionou a hipótese da candidatura de Motta. Já Bolsonaro teria demonstrado resistência a Pereira.
Redação com Folha de S. Paulo