No início do mês de abril deste ano, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) recebeu denúncias de maus-tratos em um abrigo de idosos, no bairro de Tambauzinho, em João Pessoa. Os residentes foram encontrados em situação precária e encaminhados para hospitais da cidade. O local foi interditado. Com as investigações do caso, Vera Lúcia Soares, delegada Especializada em Atendimento ao Idoso da Capital, constatou algo desumano: os idosos acamados eram impedidos de beber água para não sujar as fraldas geriátricas.
“Não deixava que os idosos acamados tomassem água para não sujar a fralda geriátrica. É por isso que eles chegaram no hospital Padre Zé desidratados. Ele quando chegaram lá pareciam que tinham vindo do deserto. Eles só queriam tomar água e comer. Disseram que o abrigo recebia doações de alimentos, mas nada ia para os idosos”, revelou.
A delegada ainda conta, após ouvir diversas testemunhas entre funcionários, familiares e demais pessoas, que a alimentação do lugar se restringia a carne de soja. Quando faltava, os residentes ficavam sem a proteína. O proprietário do abrigo clandestino chegou a ser preso no dia do flagrante do MPPB mas, depois de passar por audiência de custódia, foi solto.
No local moravam 39 idosos em circunstâncias indignas. Pelo menos 22 deles, que estavam doentes, foram transferidos para hospitais, entre eles o Padre Zé, na Capital. Um deles testou positivo para a Covid-19 e foi encaminhado para um hospital especializado. Os outros foram enviados à casas de acolhimento. Dos internados em unidades de saúde, cinco morreram devido ao quadro clínico debilitado.