O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB), em parceria com a Procuradoria-Geral de Justiça e a Comissão de Combate aos Crimes de Responsabilidade e à Improbidade Administrativa, está investigando um suposto esquema de desvio de recursos públicos na Prefeitura de Curral de Cima.
A investigação teve início a partir de um “Termo de Acordo de Colaboração”, nova nomenclatura para o antigo “Acordo de Delação Premiada”. No acordo, o “colaborador” relata que o prefeito Antônio Ribeiro, popularmente conhecido por Totó Ribeiro, em conjunto com o então secretário Municipal de Controle Interno, Paulo Queiroz, realizavam empréstimos consignados em nome de servidores públicos não efetivos (ocupantes de cargos comissionados), utilizando-se de documentos fraudulentos e adulterando valores para aumentá-los.
As informações fornecidas no “Acordo de Colaboração”, firmado por um “colaborador” cuja identidade é mantida em sigilo, foram reforçadas por documentos que, conforme a investigação, teriam sido usados nas transações fraudulentas para desvio de recursos públicos. Os empréstimos consignados, além de afetarem servidores comissionados, também envolviam servidores públicos efetivos, especialmente aqueles com duas matrículas, o que lhes permitia a realização de dois empréstimos distintos.
Em razão da gravidade do caso, o “colaborador”, que teria se apresentado espontaneamente ao MPPB, foi incluído no “Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Estado da Paraíba”. O documento aponta que ele estaria sendo alvo de “ameaças concretas direcionadas à sua pessoa”.
Com base na “Colaboração”, as investigações do Gaeco começaram, contando com o apoio da Polícia Militar do Estado da Paraíba (PMPB) e o respaldo do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB). As apurações culminaram na deflagração da Operação FAKE LOAN (empréstimo falso), em março de 2024, com o objetivo de combater o suposto esquema fraudulento envolvendo a Prefeitura de Curral de Cima.
O cerco aos envolvidos na mencionada delação premiada está se intensificando e novas irregularidades na gestão de Totó Ribeiro devem vir à tona após ele deixar o cargo, em 31 de dezembro deste ano, segundo uma fonte. Além do Gaeco, a Polícia Federal também teria sido acionada para investigar suspeitas de desvio de recursos federais e sinais exteriores de riqueza do prefeito, que, de acordo com a apuração, estaria ocultando bens em nome de terceiros.