O filho do ex-jogador Marcelinho Paraíba, Rodrigo Nascimento dos Santos, estaria envolvido em esquema fraudulento envolvendo apostas esportivas. Ele aparece no inquérito do Ministério Público de Goiás (MP-GO) trocando mensagens com Bruno Lopez negociando o que seria a derrota do São Paulo Crystal para o Treze na semifinal do Campeonato Paraibano 2023.
De acordo com o Estadão, Bruno Lopez, o “BL”, apontado como chefe da quadrilha, questiona Rodrigo, no dia 25 de março se “vai rolar mesmo o escanteio”. A frase faz referência a uma suposta fraude em um tiro de canto para o Treze. Em sua resposta, Santos afirma que irá garantir “o jogo todo”. No dia seguinte, o São Paulo Crystal foi derrotado por 1 a 0.
Contatado pelo Estadão por telefone, o filho do ex-jogador do São Paulo e da seleção brasileira negou qualquer tipo de participação no esquema fraudulento.
Na mesma conversa, Rodrigo diz que os jogadores do São Paulo Crystal já teriam recebido contatos de outros apostadores para perderem a partida deliberadamente. Segundo ele, a derrota já estaria “facilitada” e Bruno deveria transferir uma quantia, após o jogo, para um intermediário, que seria um jogador cuja identidade não foi revelada no inquérito. BL demonstra receio no esquema e cita prejuízos em manipulações recentes.
As investigações do MP indicam que a manipulação no Campeonato Paraibano era algo recorrente. Zildo Peixoto Neto, um dos apostadores envolvidos no esquema, afirmou, em depoimento, que a quadrilha havia investido cerca de R$ 30 mil em fevereiro. Bruno comandava quais apostas seriam feitas na competição.
Bruno Lopez foi preso em 14 de fevereiro, durante a deflagração da primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois por meio de habeas corpus. Ele voltou a ser detido pela polícia em abril, na segunda fase da ação do MP-GO, e está preso desde então. A expectativa é de que ele seja transferido de São Paulo para Goiânia, onde as investigações estão concentradas. Por sua vez, Rodrigo não está entre os investigados, tampouco foi intimado pelo Ministério Público para prestar depoimento.
25/03/2023 – Véspera da semifinal entre São Paulo Crystal e Treze
BL: E aí, vai rolar mesmo o escanteio?
Rodrigo: Tô vendo aqui.
Rodrigo: Mano, garanto o jogo todo e não o escanteio.
BL: Entendeu. O jogo todo, isso?
Rodrigo: Mano, o jogo todo porque sei que eles só não tem dois (jogadores) na parada.
BL: Mas e perder?
Rodrigo: O Treze ganha. Boatos de que já foi dado até 70 mil para os jogadores dividirem. Aí eles vão facilitar.
BL: Entendi. Então Treze ganha. Certeza?
Rodrigo: Isso, mano. Sim.
BL: Meu truta, você tá querendo cobrar uma parada que nem tem certeza? Nós estamos devendo, e você? É isso mesmo?
Rodrigo: Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou “muleke” ou idiota de entrar em alguma furada?
BL: Avisa ele que após o jogo eu mando.
Rodrigo: Vou falar. Não sei se ele vai querer mais, né.
O que diz Rodrigo Paraíba?
De acordo com o Estadão, Rodrigo Paraíba confirmou a autenticidade das conversas e participação nas apostas. No entanto, segundo ele, não houve uma manipulação dos jogos, mas sim uma “previsão” de qual time venceria a semifinal – no caso, o Treze. “Foi uma aposta pensando em qual seria o time mais provável de vencer”, diz
Diferentemente do que apontam os registros obtidos pelo Ministério Público, Rodrigo defende que não teve contato direto com os jogadores do São Paulo Crystal. Além disso, diz que não conhece Bruno Lopez e só conversou com o suposto chefe do esquema de apostas por causa de uma terceira pessoa, que passou seu número de telefone a ele. O nome do intermediário não foi revelado.
Ainda de acordo com Rodrigo, para que os apostadores recebessem o lucro esperado com as apostas, outro jogo entraria na equação: do Campinense. “Tanto foi que ele (Bruno López) não obteve lucro com as apostas”, afirma. No entanto, a equipe já estava eliminada do Campeonato Paraibano e não jogou na semana em que teria ocorrido a manipulação na semifinal.
Do Estadão