O colunista político Elio Gaspari alertou, em coluna para a Folha de São Paulo, sobre os riscos do adiamento das eleições e as possíveis consequências das manifestações de ódio dos aliados do atual governo: “Bolsonaro cultiva o Apocalipse”.
Para o colunista, estão surgindo novas ondas e movimentações para tumultuar as eleições deste ano.
O “lance de magia negra”, como Gaspari se refere às movimentações, circula há mais de um mês com duas versões: a primeira é recente e a segunda mais velha. A versão recente teria três fases e nela milícias digitais e mobilizações semelhantes às do ano passado criariam um clima de instabilidade a partir da Semana da Pátria.
“Armado o fuzuê, vozes pretensamente pacificadoras defenderiam o adiamento das eleições, com a votação de uma emenda constitucional. Junto com essa emenda seriam prorrogados todos os mandatos, de congressistas, governadores e, é claro, do presidente da República”, escreveu.
O autor aproveitou para lembrar da fatídica fala de Bolsonaro em São Paulo, acompanhada de insultos aos ministros do STF: “A partir de hoje, uma nova história começa a ser escrita aqui no Brasil”. Logo em seguida, uma intervenção do ex-presidente Michel Temer “jogou água na fervura”. “De lá para cá o ‘barril de pólvora’ ficou em paz, o caos não veio e não aconteceu um só ‘problema sério’ além da suspeição lançada sobre as urnas eletrônicas pelo presidente e pelos generais palacianos”, afirmou.
Segundo o colunista, “o sonho de um caos deliberadamente fabricado circula agora com o enfeite do adiamento das eleições” e com o ‘presente da prorrogação dos mandatos”.
“Um Congresso que corre o risco de grande renovação pode gostar dessa ideia. Estima-se que metade dos deputados não voltem a Brasília. Afinal, Bolsonaro dispõe da benevolência do doutor Arthur Lira”, escreveu. Gaspari pontuou que em seus períodos democráticos, o Brasil nunca teve prorrogação de mandato presidencial.