Para uma parte importante do empresariado nacional, o cenário de divisão na próxima eleição entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é prejuízo, e o país precisa se mobilizar para construir uma terceira via, um caminho diferente.
Jair se elegeu com amplo apoio de empresários, atraídos pela agenda econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas agora decepciona por atrasar privatizações, ter arroubos intervencionistas, retardar medidas ambientais cobradas por investidores estrangeiros e, o mais grave, ir contra a adoção de uma política eficaz para conter a pandemia que se alastra pelo Brasil, com UTIs lotadas e pico de mortes. Lula recuperou os direitos políticos e fez um discurso alinhado com as demandas sanitárias do momento. As resoluções de curto prazo no combate ao coronavírus são consideradas a prova de fogo do atual governo.
Em entrevista para o site Folha de São Paulo, alguns empresários sinalizam sinais de derrota. “O problema da saúde é muito grave, e até hoje não se conseguiu acertar. Precisa de concentração para encontrar a solução, vidas estão em jogo. Não podemos esperar mais mortes pela frente”, afirma Elie Horn, fundador da Cyrela.
Muita gente, porém, avalia que é preciso traçar desde agora opções consistentes para 2022. “O Brasil merece algo melhor do que essa polarização entre Bolsonaro e Lula. Nós precisamos criar uma alternativa mais moderna para o país, que nos coloque novamente numa posição alinhada com as demandas do século 21”, afirma Pedro Passos, cofundador da Natura e copresidente do conselho de administração da empresa.
Críticos mais severos ao presidente Bolsonaro que estão no topo das empresas preferiram falar sem ter seu nome revelado. Um deles avalia que a rejeição a Bolsonaro está evoluindo com mais força e ela vai realinhar o jogo, permitindo que nomes alternativos possam ter espaços na disputa eleitoral.
Fonte: Folha de São Paulo.