A empresa norte-americana Alvarez & Marsal – que contratou a consultoria do ex-juiz Sergio Moro – enviou um ofício na noite dessa sexta-feira (28) ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando que a instituição arquive a investigação que apura conflito de interesses do ex-ministro.
Aberta em 28 de dezembro do ano passado, a investigação apura a atuação de Moro na A&M – empresa que administra ações de recuperação judicial de empresas, algumas delas alvos da operação Lava Jato.
Segundo a Alvarez & Marsal, “está comprovado que nenhum valor foi recebido pelo Sr. Sérgio Moro da A&M AJ e, consequentemente, não há conflito de interesses na contratação do Sr. Sérgio Moro e muito menos houve violação ao dever de fidúcia, lealdade e diligência da Administradora Judicial, como, inclusive, concluiu a Unidade Técnica” do TCU.
O documento apresentado pelos advogados da empresa norte-americana representam os mesmos apresentados por Moro em sua live na última sexta. Na ocasião, o ex-juiz revelou que recebeu US$ 656 mil – R$ 3,537 milhões -, em um contrato vigente entre o período de 23 de novembro de 2020 a 26 de novembro do ano passado.
O caso
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, revelou na sexta-feira (28) que recebeu cerca de R$ 3,6 milhões da consultoria americana Alvarez & Marsal.
O escritório é responsável pela administração judicial de empreiteiras investigadas pela Lava Jato, operação da Polícia Federal na qual Moro foi juiz e pela qual ganhou notoriedade.
Em transmissão ao vivo pelo Facebook, o ex-ministro afirmou que seu contrato com a A&M estabelecia uma remuneração mensal de US$ 45 mil durante 12 meses e um “bônus de contratação” de US$ 150 mil, dos quais Moro diz ter devolvido R$ 67 mil em outubro do ano passado.
Na live, Moro afirmou que não estava revelando os detalhes do contrato em razão do processo no TCU, o qual classificou como “abuso de poder”.
“Não tem nada de errado no que eu fiz no passado. Eu espero que a gente esteja inaugurando uma nova era de transparência das pessoas públicas. Se tem um questionamento, que as pessoas venham a público e revelem todos os fatos”, disse.