O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), concedeu entrevista à IstoÉ, ocasião na qual falou sobre sua preocupação com os ataques à democracia brasileira proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar usa sua posição à frente do Congresso para cobrar o posicionamento de seus colegas e diz que não se pode minimizar esse tipo de discurso pois pode ser prejudicial as instituições democráticas.
Em conversa com o jornalista Ricardo Chapola, o senador contou que não acredita na possibilidade de que Bolsonaro dê um golpe no país porque isso geraria reações imediatas em todo o mundo, porém, isso não significa que o presidente não pense em golpe. Suas falas anti-democráticas já cumpririam seu papel de desestabilizar e, a exemplo do desfile de tanques ocorrido em Brasília, intimidar o Congresso Nacional.
“São as falas do presidente. Mesmo que o plano não se concretize, o fato de ele expressar descrença e sugerir ruptura institucional faz com que a relação entre os poderes se fragilize. Nós não chegaremos ao ponto de ruptura, mas isso não significa dizer que a democracia não esteja sendo atacada”, ponderou.
Veneziano pressupõe que o chefe do Executivo nacional age intencionalmente, promovendo uma “cortina de fumaça” para que as pessoas não enxerguem os reais problemas brasileiros, que não são vistos como prioridade por Bolsonaro e que não são resolvidos devido à sua incompetência. Para o parlamentar, as declarações do mandatário são respostas a queda vertiginosa de sua popularidade e, por isso, estimula a parcela da população que o apóia a radicalizar.
“Ele diz que essas pessoas ensandecidas precisam estar prevenidas caso ele seja derrotado nas urnas e já começa a preparar uma narrativa para se contrapor a isso. É mais fácil dizer que o sistema eletrônico é falho e passível de fraude. É só mais uma cortina de fumaça”, comentou.
O senador afirma que Jair Bolsonaro precisa entender que há mais pessoas contra do que a favor da ruptura institucional e reconhece que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, tem assumido o papel de fiador da normalidade democrática. Sobre Arthur Lira, presidente da Câmara, ele diz não concordar com suas opiniões pois não se pode naturalizar o momento pelo qual o país está passando.
“Esse processo de banalização pode nos levar a um momento em que não seja mais possível reagir a qualquer coisa. Não podemos tratar isso como simples bravatas jogadas ao vento. Afinal de contas, elas são ouvidas por muita gente”, observou.
Confira a entrevista completa no link abaixo: