O presidente Jair Bolsonaro discursou, nesta quinta-feira (22), na Cúpula do Clima, evento organizado pelo governo dos Estados Unidos. Na ocasião, ele comprometeu-se com as ações necessárias para zerar até 2050 as emissões dos gases de efeito estufa e acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Bolsonaro também destacou a importância do auxílio internacional e do apoio financeiro das nações mais ricas e empresas para alcançar os objetivos.
“Determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050, antecipando em dez anos a sinalização anterior”, disse. Na questão do desmatamento, o gestor assegurou que irá fortalecer a vigilância. “Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais do governo, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”, declarou, mudando o tom diante das cobranças internacionais. No entanto, ressaltou que a redução do desmatamento será uma tarefa difícil.
A promessa de neutralizar as emissões de carbono até 2050 é um avanço em relação ao anunciado anteriormente, já que no acordo climático o governo brasileiro previa esse objetivo apenas em 2060. A meta de acabar com a prática totalmente até 2030, porém, já havia sido anunciada pelo governo em 2015, no Acordo de Paris.
No início do pronunciamento, Bolsonaro destacou a “vanguarda” brasileira no enfrentamento às mudanças climáticas. O presidente afirmou que o país é atualmente responsável por menos de 3% das emissões de carbono mundial e tem “uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta”.
“Historicamente o Brasil é voz ativa na construção da agenda ambiental global. Renovo hoje essa credencial, respaldada tanto por nossas conquistas até aqui quanto pelos compromissos que estamos prontos a assumir frente às gerações futuras”, ponderou.
Na declaração, o gestor brasileiro ainda disse que o país precisa de “pagamento justo” por ter tantos biomas importantes sob sua custódia, estando aberto à cooperação internacional. “Contem com o Brasil”.
O presidente dos EUA, Joe Biden, não acompanhou o discurso de Jair Bolsonaro. Antes da fala do presidente argentino, Alberto Fernández, o democrata pediu licença por alguns instantes para deixar o local.
O discurso é uma sinalização às cobranças dos Estados Unidos pelo maior comprometimento brasileiro ao fim do desmatamento na Amazônia. O governo americano já havia pedido o fim da prática ilegal até 2030, mas frisou a importância do país obter reduções consideráveis ainda em 2021.
Bolsonaro afirmou que a solução do “paradoxo amazônico” é condição essencial para o desenvolvimento sustentável da região.
“Devemos enfrentar o desafio de melhorar a vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, região mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de desenvolvimento humano”, disse.
Ao mesmo tempo em que se comprometeu com os desafios, porém, Bolsonaro deixou claro que os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas são os países emissores de grandes quantidades de gases poluidores, grupo do qual o Brasil não faz parte.
“O Brasil participou com menos de 2% das emissões históricas de gases estufa mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais”, frisou.
Assista ao discurso de Jair Bolsonaro completo:
Com informações da Veja.