Quando se fala em segunda instância, o Supremo Tribunal Federal (STF) já viu três versões do ministro Dias Toffoli. Em fevereiro de 2016, ele votou pela prisão antecipada dos condenados. Em outubro do mesmo ano, defendeu a prisão de réus a partir de analisado recurso pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nesta quinta-feira, o ministro alardeou a necessidade do trânsito em julgado antes do início do cumprimento da pena.
As mudanças no placar do STF sobre o mesmo assunto ao longo dos anos – e, em especial, nos votos de Toffoli – guardam explicações jurídicas. Mas também podem ser lidas a partir do cenário penal e político do país. A nova posição de Toffoli é uma resposta dura contra o que considera abusos da Lava-Jato em Curitiba. A crítica é endossada por outros integrantes da Corte, como Gilmar Mendes – que também defendeu a segunda instância em 2016 e, agora, mudou de ideia.
Por outro lado, ao dar o voto decisivo contra a segunda instância, Toffoli se distancia do governo Bolsonaro, que tem como bandeira a dura política de segurança pública e a prisão imediata de condenados. Para piorar a relação com o Palácio do Planalto, o voto de Toffoli pode ser, ao fim, a chave que abrirá a cela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Preso desde abril do ano passado por condenação em segunda instância, o petista é o principal opositor político de Bolsonaro.
Ao que parece, Bolsonaro só tem conseguido se isolar dos chefes dos outros poderes. Em parte pela atuação polêmica dos seus filhos, em outra pela própria atitude do presidente, que em muitos momento tem se feito de vítima – como no vídeo na hiena.
Da redação com O Globo