Para quem sempre teceu críticas ao governo de Jair Bolsonaro, o silêncio do deputado federal Pedro Cunha Lima diante do maior escândalo do atual governo federal é no mínimo estranho, para não dizer suspeito. Isso porque, para salvar a própria pele, os filhos do presidente tentam desesperadamente transformar o ministério da Justiça e a Polícia Federal em dois órgãos políticos.
O silêncio de Pedro não combina com sua postura democrata, mas faz jus ao seu típico liberalismo de goela: aquele liberalismo que é só da boca pra fora. Também não combina com seu ofício, já que o parlamentar é professor de… Direito Constitucional. E as últimas ações do presidente vão de encontro aos princípios básicos que a Carta Magna do Brasil prega, como IMPESSOALIDADE. O deputado se cala justamente quando o clã Bolsonaro começa a rasgar a Constituição com mais voracidade.
Nomear um amigo da família com forma de driblar o sistema de Justiça e Policial é baixo, mesquinho e nem o governo tão condenado como o de Lula fez: interferir nas investigações.
Se bem que o cunhado de Pedro foi recentemente nomeado para a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), órgão do governo federal. Agora, de certa forma, faz sentido o silêncio.
Em suas rede sociais, nem um pio sobre a Gestapo Bolsonarista. Na imprensa, Pedro timidamente se limitou à demissão de Moro, mas não abordou o cerne da crise. Fique claro que Pedro já foi um crítico ferrenho do governo Bolsonaro, antes de indicar seu cunhado na Sudene.
Entre defender a Constituição e o cargo do cunhado, o tucano escolheu o último. Parece que o resultado eleitoral de 2018 não ensinou nada aos Cunha Lima.