A Embaixada da China no Brasil respondeu na madrugada desta segunda-feira a comentários do ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmando que suas postagens têm “cunho fortemente racista”, causando “influências negativas” nas relações bilaterais entre os dois países. O governo chinês instou, ainda, “alguns indivíduos do Brasil” a pararem com “acusações infundadas”.
Em resposta, o ministro negou ter sido racista, afirmando “ter um monte de amigos chineses e conhecer a cultura” do país. Ele disse ainda que pedirá desculpas se o país oriental vender mil respiradores a preço de custo para o Brasil, após acusar Pequim, sem embasamento, de esconder informações sobre a doença do resto do mundo para posteriormente lucrar com leilões de equipamentos médicos.
A nova crise diplomática, desencadeada menos de um mês após a polêmica envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), teve origem em uma postagem já deletada no Twitter de Weintraub, em que o personagem Cebolinha, dos gibis da Turma da Mônica, era utilizado para fazer comentários xenofóbicos sobre o país oriental, maior parceiro comercial do Brasil e marco zero do novo coronavírus. Segundo o ministro, a pandemia seria parte de um “plano infalível” chinês para dominar o mundo.
“Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu o ministro, trocando a letra “r” por “l”, tal qual o personagem de Mauricio de Sousa.
Em resposta, a embaixada chinesa em Brasília disse que o ministro, “ignorando a posição defendida pela parte chinesa em diversas gestões, fez declarações difamatórias contra o país em redes sociais, estigmatizando Pequim ao associá-lo à origem da Covid-19”:
“Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”, continua a nota, afirmando que o lado chinês manifesta “forte indignação e repúdio” à atitude. Procurado pelo GLOBO, o Itamaraty disse que não comentará o assunto.