Pelo segundo dia consecutivo, manifestações em todo o país prestaram apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pediram o fim do isolamento social e a reabertura do comércio. Muitos manifestantes também defenderam a intervenção militar e a volta do AI-5, instrumento mais repressor da ditadura militar, e atacaram Congresso e Supremo Tribunal Federal.
Neste domingo (19), carreatas em diversas capitais, como São Paulo, Salvador e Manaus, desafiaram o isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde para conter a pandemia de coronavírus.
Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro participou de ato contra o isolamento social e a favor de intervenção militar, causando aglomerações e gerando reação de políticos e ministros do Supremo.
Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvir o presidente, contrariando as orientações da de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus. Durante o discurso, Bolsonaro tossiu algumas vezes, sem usar a parte interna do cotovelo, conforme orientação das autoridades sanitárias.
Do alto de uma caminhonete, Bolsonaro disse que ele e seus apoiadores não querem negociar nada e voltou a criticar o que chamou de “velha política”.
Neste domingo, “isolamento vertical”, “fora, Maia”, “AI-5 já ” e “Globo lixo” estampavam adesivos nos veículos e em camisas dos manifestantes em Brasília. Com um carro de som e mais de cem motos e carros, a carreata tentou parar em frente ao Palácio do Planalto, mas foi impedida pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Alguns manifestantes carregavam cartazes pedindo intervenção militar e até o “direito de explodir a cabeça de um petista” caso ele invada sua propriedade.
Em São Paulo, pelo segundo seguido, manifestantes em carreata furaram o isolamento social recomendado pela OMS e se aglomeraram na av. Paulista na tarde deste domingo.
Vestidos de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil, os apoiadores de Bolsonaro pediram o fim do isolamento social e protestaram contra o governador João Doria (PSDB), contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Também houve placas a favor de intervenção militar e AI-5, além de discursos negando a existência da pandemia.
Reações
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repudiou neste domingo (19) a manifestação em apoio a uma intervenção militar no Brasil com a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Por meio de uma rede social, o deputado disse ser uma “crueldade imperdoável” pregar uma ruptura democrática em meio às mortes da pandemia da covid-19.
“O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos”, escreveu Maia. “Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição.”
Da redação com informações da Folha de S. Paulo e do G1