Dez ministros. Um ano e cinco meses. Esses dois dados são respectivamente o número de ministros que já se demitiram ou foram demitidos durante o governo de Jair Bolsonaro – o que nos leva ao segundo dado: em menos de um ano e meio.
A lista começa lá no segundo mês de mandato de Bolsonaro, mais exatamente em 18 de fevereiro de 2019. Gustavo Bebianno foi demitido da Secretaria Geral do Governo. E vale lembrar: ele foi um dos braços direitos de Bolsonaro durante a pré-campanha e que acabou tirando a própria vida no dia 14 de março de 2020.
Menos de dois meses depois foi a vez de Ricardo Vélez, na Educação. A lista continua com Santos Cruz (Secretaria de Governo), Floriano Peixoto (Secretaria Geral), Onyx Lorenzoni (Casa Civil – trocado de posto), Osmar Terra (Cidadania), Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), Henrique Mandetta (Saúde), Sergio Moro (Justiça e Segurança) e, agora, Nelson Teich (Saúde). Veja o infográfico feito pelo Poder 360, que enumera – com exceção de Teich – todos os ministros afastados do governo:
Para se ter ideia da disparidade, Michel Temer, que foi presidente de 2016 a 2018, trocou nove ministros em 16 meses de mandato (entre 2016 e 2017), mas ele tinha uma diferença enorme de Bolsonaro: não teve a chance de formar seu corpo de secretários, teve que fazer “uma limpa” ao assumir o governo Dilma.
Bolsonaro, por outro lado, teve a oportunidade de construir um secretariado do zero, sem nenhum membro dos governos anteriores. Com isso, uma coisa fica clara: Bolsonaro não sabe ouvir uma opinião diferente. Ou é o que ele quer ou não é. Osmar Terra, Canuto, Mandetta e Moro saíram dos ministérios por discordâncias de gestão em suas respectivas pastas com o presidente.
Os dois ministros da Saúde trocados – em plena pandemia, vale ressaltar – saíram porque queriam seguir recomendações de especialistas, de estudos técnicos, da ciência – coisa que Bolsonaro nunca esteve disposto a seguir, a não ser que ele tivesse estudado o suficiente para ter ideia do quanto a ciência pode salvar vidas.
Moro saiu porque não estava disposto a manchar a Lava Jato, tirando a autonomia da Polícia Federal e entregando o poder de parar uma investigação, somente porque não lhe convém, ao presidente da República. Bolsonaro quis proteger o seu filho. E isso é até normal. O problema é que ele não é qualquer pessoa. É o presidente do país, é quem deve dar o exemplo de anti-corrupção, afinal ele foi eleito com esse discurso.
Após toda essa análise, fica claro que Bolsonaro é, sim, o líder do regime democrático mais ditatorial – e burro – que já existiu. E o pior: é ele quem nos governa em plena pandemia de covid-19, uma das piores crises sanitárias que já existiu no mundo.
Da redação