A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o vídeo sobre as meninas venezuelanas seja removido das redes sociais e não possa ser usado na propaganda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na madrugada deste domingo (16), Bolsonaro transmitiu uma live para explicar o caso e alegar que sua fala foi deturpada. Em entrevista a youtubers que tratam de futebol, o presidente disse que, durante um passeio de moto por uma comunidade nas proximidades de Brasília, avistou meninas venezuelanas de 14 e 15 anos e que “pintou um clima” antes de pedir para ir à casa delas.
O presidente ainda relatou que as meninas estariam se arrumando, num sábado de manhã, “para ganhar a vida”. “Você quer isso para sua filha?”, questionou Bolsonaro. No pedido protocolado no TSE, a campanha diz que a fala do mandatário foi “gravemente descontextualizada” e que serve ao propósito de associá-lo à pedofilia.
“A referida mensagem, a olhos desarmados, degrada a boa imagem do presidente Jair Messias Bolsonaro, ambicionando imputar, no seio do eleitorado, de forma absolutamente descontextualizada e vil, a (falsa) sensação de que ele seria ‘pedófilo'”, escrevem os advogados da campanha. A campanha também diz que Bolsonaro, de forma recorrente, usa a expressão “pintou o clima” para se referir a diversos assuntos.
“Como se extrai do (real) contexto da fala do representante (Bolsonaro), proferida à moda de denúncia, foi exposta a grave crise econômica na Venezuela e as nefastas consequências sociais que levam à prática eventual, lamentável e triste, de atos de prostituição infantil. E o tom da voz do Representante deixa claro o repúdio quanto à indigna situação dos venezuelanos dentro e fora do país”.
Os advogados pedem então uma medida “abrangente” para que Lula e aliados apaguem postagens sobre o assunto e que sejam “proibidas futuras postagens do vídeo referido, banindo-se sua exploração, com maior razão, da propaganda de rádio ou televisão”.
“Os representados obtiveram grande engajamento, em suas redes sociais, com o vídeo recortado da entrevista e, dessa forma, vêm logrando êxito na estratégia difamatória de rotular o Representante Jair Bolsonaro com o aviltante signo de pedófilo”.
Segundo o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que trabalha para a campanha de Bolsonaro, o pedido foi distribuído para a ministra Carmen Lúcia, mas pode ser decidido pelo presidente da Corte, Alexandre de Moraes.