A visão de um grande jornal europeu como é o Financial Times, de Londres, se entrelaça com a nossa quando pergunta o que mudaria tirando Dilma e botando outro nome qualquer? Nada, conclui o jornal inglês.
O Financial Times publicou nesta segunda-feira (17), um dia após asmanifestações populares de 16 de agosto, editorial no qual questiona o impeachment de Dilma Rousseff pedido nos protestos. “Mesmo que a senhora Rousseff seja removida, é provável que outro político medíocre a substitua – e depois tente implementar a mesma estabilização econômica que ela está tentando fazer”, escreveu o jornal de economia britânico no editorial.
A publicação resumiu por que a presidente brasileira caiu no desgosto da população e tem o índice de aprovação mais baixo da história recente: escândalo de corrupção na Petrobras, deflagrado pela Operação Lava Jato, economia com perspectiva de recessão pelo menos até 2016, real em desvalorização perante o dólar, inflação duas vezes acima da meta, confiança de investidores em baixa, desemprego em crescente. “Não é uma surpresa que tenha havido protestos em massa por todo o Brasil no domingo e que 66% queiram o impeachment da senhora Rousseff“, afirmou o FT. “Mas isso deveria acontecer? Faria alguma diferença se isso acontecesse?”.
O FT lembrou que, para o impeachment da presidente, dois terços do Congresso precisariam apoiá-lo. “Esse apoio não existe. Políticos que também são acusados de corrupção estão relutantes em apertar o gatilho”, disse o editorial. Mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “antigamente um dos políticos mais populares do mundo, pode ser indiciado em denúncias de corrupção também”, de acordo com o jornal. Os únicos alegres com este contexto, na avaliação do FT, são os caciques do PSDB, que veem o governo de Dilma se deteriorar e aguardam pelas eleições presidenciais de 2018.
Com Financial Times e Época