O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (7), durante pronunciamento no Palácio do Planalto, que “acabou” com a operação Lava Jato porque, no governo atual, não há corrupção a ser investigada. No entanto, ele não citou ministros ou familiares investigados, como Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), nem o ex-assessor de Flávio e amigo da família Fabrício Queiroz.
“Eu desconheço um lobby para criar dificuldade para vender facilidade. Não existe. É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, afirmou.
Assista:
Ontem, foi identificada uma doação irregular de R$ 10 mil do presidente à campanha do filho, Carlos Bolsonaro, à reeleição na Câmara do Rio de Janeiro para o cargo de vereador. O depósito consta na declaração de receitas feita pela campanha do próprio vereador, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e contraria uma resolução da Corte Eleitoral que limita repasses em espécie de pessoas físicas para candidaturas.
Pelo Twitter, o vereador disse que foi um equívoco e que já devolveu o dinheiro: “O recurso, de origem LÍCITA, então foi devolvido e retransferido como esclarece a regra”, escreveu.
O sistema mostra que o presidente fez um “depósito em espécie” no valor de R$ 10 mil no dia 2 de outubro, como demonstra a declaração de receitas no TSE. Além dessa doação, o vereador Carlos Bolsonaro fez uma transferência eletrônica no valor de R$ 10 mil reais para a campanha deste ano. Ao todo, R$ 20 mil constam em receitas na candidatura do filho do presidente.
Rachadinha e Queiroz
Flávio Bolsonaro é investigado por peculato (desvio de dinheiro público), lavagem de dinheiro e organização criminosa por conta de um suposto esquema do qual faria parte Fabrício Queiroz, demitido em 2018 após os primeiros indícios de irregularidades no gabinete do filho do presidente serem revelados.
Queiroz foi preso em Atibaia (SP) em junho, e hoje cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro.
Em agosto deste ano, extratos bancários de Queiroz anexados à investigação revelaram que o ex-assessor de Flávio depositou 21 cheques em nome da primeira-dama Michelle Bolsonaro. As transações datam de outubro de 2011 a dezembro de 2016, em valores que variam de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Somados, os cheques chegam a R$ 72 mil.
Movimentação semelhante foi descoberta na conta de Márcia Aguiar, mulher de Queiroz. Registros indicam que ela depositou outros seis cheques para Michelle no valor total de R$ 17 mil.