Desde que os estudantes franceses foram às ruas de Paris entoando a frase é proibido proibir que a liberdade de expressão ganhou o seu mais fiel bordão, depois cantado por Caetano em Tropicália e ememdado por Vandré quando diz que os cordões marcham pelas ruas acreditando que as flores um dia vençam os canhões.
Minha formação de vida é humanista e também já fui um lobo da estepe e vaguei pelas ruas defendendo uma revolução.
Fui apresentado ao idealismo ainda muito cedo, com apenas 14 anos, idade em que já me integrei numa célula revolucionária da Organização Socialista Internacionalista, braço no Brasil da Quarta Internacional de Luiz Favre e Pierre Lamber.
Era um garoto que queria mudar o mundo, mas não ouvi apenas Beatles e Rolling Stones, pois Chico Buarque de Holanda falava a minha língua e Geraldo Vandré havia composto o hino da revolução.
Saí cedo de casa para buscar na escola da vida a sabedoria que minha mãe precisava para criar meus irmãos com dignidade e fé no futuro.
Fui forjado na luta contra as baionetas e eram tempos de chumbo, onde a qualquer momento os lugares secretos e as mensagens secretas do grupo clandestino poderiam cair. A vida real como poucos adolescentes enfrentaram eu enfrentei.
Me fiz jornalista por vocação, trinquei os dentes e fui à luta pela volta da democracia, militando na Libelu, no PT e no Comitê pela Anistia, onde tenho a satisfação de ter me engajado e ajudado a libertar José Calistrato do presídio de Itamaracá.
Já pichei muros com o “abaixo a ditadura”, vendi jornais operários nas portas das sessões de arte do antigo Cine Tambaú e acordei muitas vezes às 6h num domingo para participar de reuniões intermináveis da OSI.
Tive como professores Edvaldo Faustino, Regina, Darlene, Chico Gato, Lurdes Sarmento, Josival Cunha, Derly Pereira, Sérgio Botelho e Washington Rocha, gente decente que abriu mão da juventude para encarar o regime militar sem medo de ser feliz.
Hoje traduzo tudo que aprendi colocando a minha vida a serviço da informação e, com uma escola e professores como esses, eu não poderia ser outra coisa, senão um blogueiro dono do seu instrumento de libertação, o blog, que não tem medo de publicar verdades e sempre pronto para o enfrentamento com governos corruptos e autoritários.
Inverti o tempo da letra de Marcos Vale e, se quando muito jovem fui a mão que esteve pronta várias vezes para a guerrilha, montou e desmontou com intimidade um Fuzil Automático Leve, hoje sou a voz que canta o hino, cujo o refrão tem como mais bonita a palavra liberdade.
Da luta, meus companheiros da época da ditadura e os de hoje sabem que nunca fugi.
Mas, por favor, não me peçam para me calar quando estou cumprindo a missão que Deus me deu.