As Muriçocas do Miramar, segundo maior bloco carnavalesco do país, está ameaçado de acontecer em clima total de insegurança, caso seja deflagrada a greve das polícias civil e militar e dos agentes penitenciários na tarde desta segunda (28).
A decisão será tomada em Assembléia Geral onde a categoria avalia a proposta do Governo para formar uma comissão mista entre poder público e representantes dos policiais e agentes. O prazo para consolidar o acordo seria de 30 dias.
Esta “manobra” não foi aceita pelos representantes dos policiais que participaram de uma reunião com alguns secretários de governo na ultima quinta-feira, mas resolveram aguardar a Assembléia para anunciar se entram ou não em greve.
A principal reivindicação é o cumprimento das leis que garantem o reajuste salarial, valores que devem ser equiparados com os pagos aos profissionais de Sergipe ou que seja pago 50% do salário de um delegado aos agentes e escrivães.
Mas, ao que parece, Ricardo Coutinho não inspira confiança para os policiais que já chegam a quase 30 dias de vigília na praça João Pessoa. A comissão só poderia apresentar proposta que estivesse condicionada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que tornaria inviável o pagamento da PEC 300.
Quem perde é o cidadão que se sente desprotegido e ameaçado, preferindo ficar em casa que sair às ruas de uma terra sem lei.
ENTENDA O CASO
É uma novela que se arrasta por mais de 30 dias e que tem na indisposição do governador para o diálogo o ponto de estrangulamento, chega hoje ao seu “dia D”.
Se do lado do Governo não existe proposta, do lado da Polícia só restará uma alternativa: a radicalização.
A partir de hoje o sistema de segurança pública na Paraíba estará ainda pior. A Polícia entrará em greve e o start acontecerá no finalzinho da tarde na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio da Redenção.
A paralisação dos policiais não interessa a ninguém, pois o cidadão estará fragilizado perante a bandidagem.
No entanto, a categoria tem suas razões para engrossar o discurso e faz da PEC 300 sua bandeira de lutas.
Concebida e sancionada pelo ex-governador José Maranhão após aprovação no Plenário da Assembléia, que inclusive fez previsão orçamentária na LDO, não teve amparo na gestão do governador Ricardo Coutinho, que argumenta incapacidade financeira do estado para elevar a folha e a inconstitucionalidade da Lei.
Os policiais fizeram passeatas de advertência, acamparam em frente ao Palácio e nada. O governador está convencido e não arreda o pé de que o movimento é meramente político e aí consiste o seu maior erro de avaliação da conjuntura.
A greve da Polícia provocará um efeito dominó e uma a uma todas as categorias se sentirão estimuladas a paralisar em protesto por aumento de salário, contra o corte nas gratificações e outras demandas.
É o primeiro teste deste governo socialista cujo líder foi forjado nos movimentos sociais e que agora parece ter desaprendido a dialogar como tanto reivindicava nas passeatas e greves que comandou.
O político Ricardo Coutinho está prestes a experimentar do seu próprio veneno.