Na campanha eleitoral do ano passado, os adversários espalharam que Ricardo Coutinho era ateu.
Ele tentou desmentir isso, comparecendo a cultos e cerimônias religiosas, inclusive colocando imagens no guia eleitoral para mostrar seu lado cristão.
Ninguém duvidou e o elegeu governador.
Ao assumir, na primeira cerimônia religiosa da Igreja Católica, Ricardo coloca os fiéis para trabalharem, impedindo-os de assistirem a tradicional Procissão do Encontro, que ocorre hoje à tarde no centro da Capital.
A Procissão do Encontro é uma tradição muito antiga e comovente que se faz na maior parte das cidades do interior do Brasil. É a procissão do encontro entre Nossa Senhora das Dores e o Bom Senhor Jesus dos Passos.
As Mulheres fazem uma procissão carregando a imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos penitenciais, com as figuras bíblicas das “mulheres piedosas”: Verônica, que teria enxugado o rosto ensangüentado de Jesus numa toalha, na qual ficou estampada a sua face; Maria Madalena e outras mulheres que acompanharam a caminhada de Jesus para o Calvário.
Outra procissão é feita só pelos homens, que carregam a imagem do Senhor dos Passos, figura de Jesus Cristo coroado de espinhos, ensangüentado, escarrado e carregando uma cruz às costas. Em determinado local se dá o encontro. Um pregador faz a dramatização da cena, recordando o que aconteceu na Sexta-feira Santa. Faz um apelo à conversão, recorrendo à dramaticidade da dor de Nossa Senhora e das Dores e sofrimentos de Jesus. o sermão tem o costume de ser mais exortativo. Após o sermão, a Verônica entoa um hino e mostra a toalha ensangüentada com a face esculpida no pano.
Mas, conforme portaria da Secretaria da Administração, nesta sexta-feira (15) , quando ocorre a tradicional Procissão do Encontro, ato religioso da Igreja Católica ligado à programação litúrgica da Semana Santa, o expediente nas repartições estaduais será normal.
É a primeira vez em muitos anos que o governo não libera os servidores fiéis para participarem da procissão.
Acredite quem não for ateu!