A melhor notícia desse finalzinho de 2015 foi trazida pelas chuvas de verão. A beira de um colapso total, os mananciais receberam na hora certa o socorro dos céus e o volume morto perdeu o estrelato nos noticiários.
Cantareira e Boqueirão, sudeste e nordeste, a crise hídrica chegou para todos e, mais do que nunca, água virou o precioso líquido. O problema é que junto com o socorro divino vem a acomodação das autoridades e o foco de 2016 nem de longe será segurança hídrica, o que muito me preocupa.
Todos falam da Transposição do Rio São Francisco e da responsabilidade do Governo Federal com a lentidão das obras, mas esquecem que os dois eixos que deixaram novas águas, dentro da Paraíba precisam de obras complementares para que cheguem aos mananciais.
Enquanto não chegam as águas do velho Chico, uma fiscalização rigorosa deve percorrer nossas bacias para saber se tem água de beber sendo desviada para outros fins e em favor de poucos.
Segurança hídrica é uma palavra que será muito usada daqui para frente. Com países já reciclando seus esgotos para ter água potável, ainda somos privilegiados, mas o desperdício poderá nos levar a, como diria Djavan, morrer de sede em frente ao mar.
Generoso e as vezes dando pistas de que realmente é brasileiro, Deus nos reservou mais uma boa surpresa, além da condição de donos da Amazônia e pulmão do mundo. Somos donos da maior reserva de água doce do planeta, o Aquífero Guarany, tanta água que seríamos capazes de dar de beber ao mundo durante dez anos se por todo canto a água acabasse.