Não uma ponta do iceberg(1), mas é grande parte do Iceberg todo que já está à vista no maragitado da corrupção que banha o Estado da Paraíba hoje. Quem diria, meu Deusdo céu, que tivéssemos de passar por isso exatamente na época em que o povo,por maioria estreita de votos, desejou fazer uma experiência nova deadministração pública, a fim de premiar um homem político devotado às causaspopulares, que, embora não fosse muito jovem (beirava os cinquenta anos),achava-se no direito de governar também seu Estado. Foi uma briga paroquial eburra entre os maiores líderes da província que criou uma brecha por onde elese espremeu e passou de fininho.
Mas isso só interessa aocaso ora enfocado porque é nesta Paraíba alarmada onde acontece de tudo,exatamente ao contrário do que o povo esperava acontecer. É que o povo servepara tudo numa eleição, menos para adivinhar as intenções e as fraquezas deseus líderes. Mas vamos ao que importa agora: uma corrupção monstruosa emonumental ocorrida há pouco e praticada por um professor ilustrado contra os recursosdo ensino público estadual, destinados a alunos carentes – pobres filhos depobres.
O NOME DO RATO É SCOCUGLIA
Era ainda dezembro de2011 quando a Controladoria Geral do Estado, atordoada, verificou que o segundosecretário de Educação da Paraíba em poucos meses de governo, recrutado como o primeirodos quadros da UFPB, gastava montanhosas verbas de sua pasta como um bodegueiroque é dono absoluto de sua gaveta. Já estava um pouco tarde para evitar aconsumação do delito que faria sangrar do gavetário do titular da pasta afantástica quantia de R$ 24.051.344,22. Isso mesmo: 24 milhões e pouco dereais, suficiente para comprar 1000 carros populares. Mas ainda que fosse tarde(grande fração do dinheiro estava ainda em fase de liberação), o ControleInterno mandou o secretário bloquear. O homem desobedeceu e liberou a fábula. Ogovernador o demitiria mais tarde, mas o nomeava Assessor Especial, não antesde obrigá-lo a fazer pelo menos uma Sindicância para amenizar o possívelescândalo. Afinal, esse homem saberia muito para receber um prêmio depois depraticar um roubo tão grande.
Pois bem, o governo,generoso e complacente com os vadios, já constatou, amaciando um pouco, que osuperfaturamento foi de 40% com relação aos preços coletados em João Pessoa, oque deve representar mais de 100% se a coleta for feita junto aos fabricantesdos produtos entregues (?). Pior, oficialmente está constatado que os produtosnem de longe correspondiam em qualidade, especificações e quantidade aos queforam adquiridos. E ninguém se atrevia a dá recebimento desses materiais nasregiões de ensino, simplesmente porque eles teriam supostamente chegado aosdestinos à noite, de madrugada, nos sábados e domingos. 13 regiões de ensino doEstado já passaram atestado de como se deu o latrocínio (sim, porque assaltarama mais de 1 milhão de alunos e mataram as sua esperanças num país sério).
Mas isso pode serfichinha, pois esse gabiru travestido de educador mexeu com R$ 72.000.000,00(setenta e dois milhões de reais) de verbas públicas e vários negóciosmilionários escusos. Está rico. Pobres são os alunos e a Paraíba.
Aguardem. Vou contardetalhes. Mas, ‘para não dizer que não falei de flores’, anotem o nome do ratocotó que foi colhido pela ratoeira e deixou o rabo preso: Scocuglia – AfonsoCelso Caldeira Scocuglia. Nessa caldeira estamos todos queimados. Talvez eletambém.
Mas, porque ele seatreveu tanto?