Relator parece que tentou dar mais uma pizza aos brasileiros com relatório inconsistente, vago e sem detalhes
O “placar” foi apertado e com 18 votos contrários e 16 a favor, o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que investiga as relações de políticos e empresários com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi rejeitado nesta terça-feira (18).
Com isso, no jogo da politicagem, os corruptos continuam ganhando e o povo perdendo. Pois, depois de oito meses de trabalho, a CPMI teve a “competência” de terminar a investigação sem um relatório formal para ser encaminhado ao Ministério Público Federal.
O único resultado concreto foi a aprovação de um voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). O documento, de apenas duas folhas, está sendo considerado a conclusão da comissão e determina o compartilhamento de todas as informações sigilosas levantadas pela CPMI com o Ministério Público Federal em Goiás, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal.
O deputado Odair Cunha (PT-MG), o qual teve seu o texto derrubado, destacou os pontos que foram retirados do texto por sugestão de vários parlamentares. Estas sugestões fizeram com que cinco jornalistas não fossem indiciados e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não fosse investigado. O procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, também foi beneficiado e todas as referências que tinha sobre ele na investigação foram retiradas da versão final do documento.
Essas alterações convenceram a maioria dos parlamentares. “Não há como não registrar a frustração com o término da CPMI. Vamos votar contra, não pelo que nele – no relatório – consta, mas pelo que não consta. O que consta já está encaminhado ao Ministério Público Federal. O que consta é a compilação do trabalho final da Polícia Federal. Em linguagem popular, eu poderia dizer que estamos chovendo no molhado, adotando providencias que já foram adotadas. Em relação ao que é essencial, não avançamos, a CPMI termina onde deveria começar”, criticou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ao votar contra o relatório de Cunha.
Até mesmo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos escalados para defender a aprovação do relatório, fez severas críticas. “Todos sabem a posição que tenho sustentado desde o início da CPMI, de crítica de contundência, muitas vezes contra o relator. A CPMI perdeu a oportunidade quando suspendeu os trabalhos em setembro deste ano, quando não quebrou o sigilo das 21 empresas identificadas como as que receberam recursos da empreiteira Delta”.
Apesar das declarações, Randolfe afirmou, antes da votação, que seria pior se a comissão ainda ficasse sem relatório. “Pode não ser o relatório perfeito, mas vai ser luz de lamparina na noite da impunidade histórica do país”, disse, em tom de deboche.
Fonte: JB