Uma figura que se tornou de essencial importância neste período de pandemia na Paraíba, o secretário Executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde, Daniel Beltrammi, esteve no centro da mesa-redonda do programa 360 graus nesta terça-feira (29). O médico sanitarista natural de São Paulo, conta que chegou ao Estado após convite do secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, em julho de 2019.
A intenção, na época, era trazer Beltrammi para auxiliar na reestruturação do modelo de atenção à saúde pública, em especial o modelo de atenção hospitalar paraibano, devido à sua experiência, em São Paulo, com a implantação de fundações estatais de direito privado.
“O governador João Azevêdo convocou para fazer a estruturação de um projeto de uma fundação estatal de direito privado. Hoje ela já é uma realidade, é a PB Saúde, Fundação Paraibana de Gestão em Saúde, a fundação de saúde de todas as paraibanas e paraibanos. E eu vim com essa missão para cá. Só não sabia que em 2020 nós seríamos surpreendidos por essa locomotiva imparável que se chama Covid-19″, comenta.
Em 2020, quando o foco da saúde pública se voltou para a pandemia do novo coronavírus, Daniel Beltrammi se destacou na luta contra a doença. Ele acredita que a missão de assumir o cargo na secretaria paraibana faz parte de um ‘chamamento’, que no momento do convite não sabia do que se tratava, mas agora ele entende muito bem. “Eu não teria me perdoado se não tivesse vindo para ajudar a Paraíba a enfrentar esse momento trágico, de muito sofrimento humano”, confidencia.
Esse ‘chamamento’ fica mais evidente quando prestamos atenção aos detalhes. Coincidentemente, ou não, Daniel é médico sanitarista. Conhecedor do sistema de saúde da Paraíba desde 2012, chegou a atuar como consultor do Ministério da Saúde no Estado. Seu último projeto na Paraíba, antes de ingressar na secretaria, foi como coordenador de um curso de formação de gestores hospitalares para o sistema estadual, por meio do programa de aperfeiçoamento e desenvolvimento institucional do SUS, vindo como consultor do Hospital do Coração de São Paulo.
A partir dessa missão, o nome de Daniel Beltrammi ficou conhecido pela gestão paraibana. E ele diz que o pedido para trabalhar na Paraíba foi praticamente irrecusável, em razão da bem estruturada rede hospitalar do Estado, que configura uma das maiores do Brasil em âmbito proporcional.
“O SUS é uma espécie de vício. Quando se começa a trabalhar nas fileiras do SUS e você vê um projeto da envergadura da Paraíba, que é um dos Estados brasileiros com maior rede hospitalar proporcional, são 34 unidades em todo o Estado, muito bem distribuídas, e isso é prato cheio para qualquer gestor que conhece rede de hospitais e quer entregar resultados”, pontua.
O secretário ressalta ainda a competência dos profissionais paraibanos, especialmente do governador João Azevêdo, a quem ele classifica como um ótimo parceiro de trabalho, que está sempre atento às demandas apresentadas, ajudando o corpo técnico na tomada de decisões.
“O governador João Azevêdo é um homem de trabalho próximo, é aquele que lê a linha da planilha contigo. Quando você tem um parceiro desse, que te dá condição de trabalho e te ajuda a tomar boas decisões, a chance de a gente acertar aumenta superlativamente. Bons projetos são de fato muito sedutores e isso também é uma das razões de me fazer estar aqui”, destaca.
A pandemia, que, infelizmente, está distante de ter números de novas infecções pelo coronavírus zerado, é um grande desafio para Beltrammi. Segundo ele, a guerra biológica que enfrentamos, na qual não vemos o inimigo que estamos combatendo, nos deixa em desvantagem. Como o vírus circula facilmente entre a população, a taxa de transmissibilidade continua em alta na Paraíba.
“Ter de 1500 a 2000 casos divulgados todo dia mostra para nós que a transmissibilidade e a circulação do vírus ainda são altas. É proibitiva. A gente pode fazer qualquer coisa, menos se acostumar com esses números. Nós não podemos nos acostumar com o número de vidas perdidas, com o número de novos casos. Nós não podemos nos acostumar com ‘ah, ele não quer usar máscara, tudo bem’. Não. Não é motivo de briga nem de discussão. Mas, se a gente conseguir conquistar todo o dia uma nova pessoa para um hábito de proteção. É isso que eu tenho tentado fazer junto com a equipe da secretaria há 16 meses”, completa o secretário, expressando preocupação com os elevados índices da pandemia no Estado.
Assista a entrevista completa: