O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entregou na sexta-feira à noite os anexos de sua proposta de delação premiada. Isso não quer dizer, entretanto, que ele esteja perto de assinar um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O material ainda está sendo analisado, mas a expectativa dos investigadores, surpreendentemente, não é das mais otimistas.
Cunha e seu ex-sócio Lúcio Funaro buscam meios para sair da cadeia já há algum tempo, mas só recentemente demonstraram de forma concreta a intenção de confessar seus crimes e delatar comparsas. Apenas um deles dois, entretanto, poderá se tornar colaborador da Justiça. Investigadores envolvidos nas negociações da delação garantem: “Por essa porta só vai passar um”.
As delações de ambos têm como pano de fundo a segunda denúncia que a PGR apresentará contra Michel Temer. Prevista para ser encaminhada em agosto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a peça acusa Temer de ter obstruído investigações ao ter dado sua anuência pessoal à compra do silêncio de Cunha e Funaro.
Preso desde outubro do ano passado em Curitiba, Cunha entregou os anexos e agora aguarda um posicionamento do grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR. Funaro – há um ano na cadeia – foi transferido recentemente da Penitenciária da Papuda para a carceragem da Polícia Federal em Brasília. O objetivo: delatar.
As informações são de reportagem do Valor Econômico.