Ontem eu estive na Polícia Federal, “convidado” que fui para depor. Até a hora de sentar em uma mesa para ser interrogado por um jovem e educado delegado fiz questão de não saber do que se tratava.
Achei estranho ser convocado para uma conversa na PF trinta anos após iniciar minha militância nesse universo político, hora como militante de esquerda, hora como jornalista.
Lá no meu íntimo eu tinha certeza que estava indo depor em um processo movido contra mim pelo governador Ricardo Coutinho. Dito e feito, era.
Confesso que na adolescência pichando muros com a frase “abaixo a ditadura” em plena ditadura eu esperava todo dia cair, pois sabíamos e conversávamos sobre os riscos da militância heróica na organização clandestina OSI, abreviação de Organização Socialista Internacionalista.
Mas, apesar de ter me preparado até para a luta armada, nunca fui preso ou “convidado a depor” na PF.
Quando servi o Exército, naquela revista da Polícia Civil aos conscritos, eu fui identificado como agitador, mas por precaução já tinha sido afastado da OSI sem deixar rastros.
Hoje no estado de direito me deparo com pressões que nem na ditadura sofri, aonde um cidadão chega ao posto máximo de um político em seu estado, mas não perde o ranço de contrapor com truculência jurídica as críticas que sofre da imprensa.
Não há na história da Paraíba político que tenha processado mais jornalistas do que o atual governador Ricardo Coutinho.
Juntando os meus 39, mais os de Euflávio, Luís Torres, Lelo e Clilson Júnior, podem ter certeza que passa de 100.
Deixo a pergunta: porque Ricardo não aceita o contraponto? A crítica?
Cássio nunca me processou, Ronaldo nunca me processou, Maranhão nunca me processou, Veneziano nunca me processou, Cícero nunca me processou.
Cheguei à conclusão que é um traço de sua personalidade querer a unanimidade a todo custo.
E isso é muito perigoso.