Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo, declarou em entrevista concedida nesta quarta-feira (21) que a atual configuração do Congresso Nacional é “um atraso de vida”. Ele ainda afirma que o Brasil está sendo governado pelos partidos de centro.
“Se a democracia vencer em 2022, podemos fazer uma grande reflexão sobre que tipo de governo avançado, moderno, é possível no país. Basta olhar para o Congresso para ver que os limites são enormes. Aquele Congresso é um atraso de vida impressionante”, disse Haddad ao UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e as colunistas Thaís Oyama e Carla Araújo.
“Se a democracia perder [em 2022], é daqui para pior. Imagina a arrogância de Bolsonaro, o que não vai fazer [em um eventual segundo mandato]”, continuou Haddad, que completa: “Vai ter que haver um repensamento desse processo. O PT e o PSDB acreditaram muito que o atraso estava vencido, que o passado tinha sido virado, e não virou. Todas as mazelas retornaram com Bolsonaro, e com muito vigor”.
Segundo ele, o “centrão está no paraíso, no que entendem. Não são mais coadjuvantes do PT e PSDB. Agora o projeto é deles, eles estão desenhando o país a sua imagem”.
“Depois de tudo que remamos, onde fomos parar? Na praia do passado, que queríamos ter superado. De coadjuvante virou ator principal. Ciro Nogueira, Arhur Lira, Ricardo Barros… Essa gente que está mandando no país ou não? Eles vão estar na base de Bolsonaro até o fim. Eu apostaria inclusive que Bolsonaro deve se filiar ao PP”, ponderou o ex-prefeito de São Paulo.
Sobre o sistema de governo de semipresidencialismo, Haddad diz que “a representação não tem nada a ver com o Congresso brasileiro”. A discussão ganhou força nos últimos dias após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sugerir publicamente a mudança. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Lira articula com aliados a mudança por meio de uma PEC (proposta de emenda à Constituição).
“Não gosto de solução parlamentarista no Brasil, acho que a escolha plebiscitária do chefe é uma forma de dialogar de forma adequada”, justificou Haddad.
Assista à entrevista completa:
UOL