A carreira de Wellington Roberto começou como suplente de Humberto Lucena. Empresário do ramo de automóveis, ele tinha concessionárias em Campina e Patos quando recebeu o convite inusitado.
Wellington é filho de um dos maiores atacadistas de açúcar do Nordeste, homem que comprava e pagava antecipadamente a lavoura de cana de açúcar dos maiores plantadores de nossa região.
Humberto ainda estava no terceiro ano de mandato quando aconteceu a fatalidade e Bodinho, como Wellington é conhecido em Campina, foi alçado à cadeira de senador.
Coerente, foi candidato a federal na sequência e manteve até hoje o capital político, ampliando para dois mandatos quando elegeu o filho Caio como deputado estadual e sempre emplacando o caçula Bruno em importantes cargos e chapas majoritárias.
Mas, pouco sabem, na segunda reeleição de deputado federal, Wellington sumiu e ninguém conseguia falar com ele. Acusado de integrar a máfia dos sanguessugas – depois inocentado -, foi alvo de um bombardeio da mídia naquele esquema das ambulâncias que derrotou Ney e fez Maranhão exigir que Benjamin renunciasse a candidatura a reeleição certa.
Eu era o marqueteiro de Wellington e ele tinha muitas inserções no guia e nas chamadas avulsas, mas passou a campanha toda sem aparecer para gravar.
O que fizemos? Com imagens de arquivo colocamos tudo em slowmotion e um som de coração batendo e um coro gritando o nome dele.
Foi o único acusado de sanguessugas a se eleger no Brasil e com votação estourada acima de 100 mil votos.
Quando ele apareceu com aquele sorriso maroto dele, me levou para fazer uma farra no Pontal do Cabo, que tinha outro nome na época, e de lá saímos embriagados de uísque e alegria, pois o piloto sumiu, mas o marqueteiro não. Éramos muito amigos, havia uma sinergia e ele me disse agradecendo na oitava dose:
– Eu sabia que você iria segurar a onda, meu amigo!
Dércio Alcântara